• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 09:15:05 -03

    Brasileira feita refém ataca falta de ação de premiê da Austrália

    LIZ LACERDA
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE SYDNEY (AUSTRÁLIA)

    17/12/2014 03h21

    A brasileira Marcia Mikhael, uma das 17 pessoas mantidas reféns num café de Sydney por cerca de 16 horas na última segunda-feira (15), fez duras críticas ao premiê australiano, Tony Abbott, enquanto ainda estava em poder do sequestrador.

    Em entrevista ao Canal 9, Marcia disse que "não era difícil" para o premiê atender a uma das exigências do sequestrador, o muçulmano radical Man Haron Monis, 50: falar por telefone com Abbott, numa ligação a ser transmitida ao vivo pela TV.

    "Entendemos que o primeiro-ministro é um homem muito ocupado, mas penso que a vida de todas essas pessoas é mais importante do que qualquer coisa que ele esteja fazendo agora, seja jogando golfe ou passeando com o cachorro", disse a brasileira, que estava ao lado do sequestrador durante a entrevista.

    Três pessoas morreram na ação: a advogada Katrina Dawson, 38, mãe de três crianças, o gerente do café, Tori Johnson, 34, e o sequestrador. Outras seis ficaram feridas.

    As outras duas exigências de Monis eram que fosse divulgado pela imprensa que se tratava de um ataque da facção radical Estado Islâmico –apesar de, aparentemente, ter sido uma ação isolada, segundo a polícia– e que lhe trouxessem uma bandeira do EI.

    Segundo um dos familiares de Marcia, ela relatou que o sequestrador estava sonolento quando cinco reféns escaparam, por volta das 2h da manhã (13h em Brasília), e que a fuga deixou Monis enfurecido. Logo após, começou o tiroteio dentro do Lindt Café, no centro de Sydney.

    As autoridades disseram que a estratégia era esperar pelo cansaço do iraniano, mas os tiros disparados por ele obrigaram a reação policial.

    Marcia, 43, precisou se submeter nesta terça-feira (16) a uma cirurgia para a retirada dos estilhaços que penetraram suas pernas e pés após a invasão do café pela polícia.

    Segundo a família, ela pode ter de passar por outra cirurgia para repor partes de tecido em locais onde os ferimentos foram mais graves.

    Para os familiares que passaram o dia no Royal North Shore Hospital –entre eles seu marido, filhos e irmão–, ela também não deverá se recuperar tão facilmente do trauma. Durante a invasão policial, a personal trainer permaneceu no meio do fogo cruzado e chegou a ver muito sangue de uma das vítimas, baleada na cabeça.

    "A única coisa que ela quer agora é se recuperar o mais rápido possível para voltar a treinar", disse o irmão Carlos El Khouri. Marcia é fisiculturista e chegou a vencer um campeonato mundial na Grécia, no ano passado.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024