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    Brasil foi avisado de acordo EUA e Cuba momentos antes do anúncio

    NATUZA NERY
    DE BRASÍLIA

    19/12/2014 02h00

    O governo Dilma foi informado do acordo histórico entre Estados Unidos e Cuba apenas momentos antes do anúncio oficial. Emissários da Casa Branca contataram discretamente o serviço diplomático brasileiro, informando que a reaproximação seria anunciada em breve.

    O gesto, segundo integrantes do Itamaraty, se deu pela ajuda do Brasil nos últimos anos, embora o país não tenha participado das negociações finais que culminaram com o entendimento entre os líderes Raúl Castro e Barack Obama.

    Segundo diplomatas, a Casa Branca chegou a pedir que o governo brasileiro atuasse junto ao regime comunista para libertar o americano Alan Gross, detido e encarcerado pelo regime comunista sob acusação de espionagem.

    De acordo com um alto funcionário do governo, porém, não houve pedido direto de mediação ao Brasil, ao menos até o fim do governo Lula. "Os americanos sempre tinham muito interesse na situação específica desse ex-prisioneiro, mas não houve um pedido direto para intermediar [sua libertação]", disse o funcionário.

    A resistência em ter um terceiro país atuando se devia à visão de Cuba de que não era necessário um intermediário para regularizar sua relação com Washington.

    EMBARGO

    Defensor público do fim do embargo, o Itamaraty renovou sua posição em nota divulgada nesta quinta-feira (18).

    No comunicado, o ministério elogiou a "liderança, coragem política e visão estratégica" dos presidentes Castro e Obama para restabelecer, depois de 53 anos, as relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos. Em seguida, falou sobre a necessidade de acabar com o embargo.

    A nota fala em "decisão histórica" e diz que o acordo elimina "um resquício da Guerra Fria".

    "O Brasil saúda também Sua Santidade o papa Francisco pela importante contribuição que prestou aos esforços diplomáticos que levaram ao anúncio", diz um dos trechos do texto.

    Nos bastidores, o Brasil sempre foi acionado por Washington nos assuntos relativos a Cuba e à Venezuela.

    A Folha apurou que, recentemente, após pedido da Casa Branca, o Brasil iniciou negociações para que o Banco do Brasil abrisse contas bancárias para integrantes da representação diplomática de Cuba na capital.

    Em razão do embargo, esses estrangeiros não podiam movimentar cifras.

    Diante do pedido, o Itamaraty chegou a abrir consultas para viabilizar a medida, mas acabou suspendendo as negociações por temor de que o Congresso dos EUA punisse o Brasil por romper, de alguma forma, o embargo.

    Colaboraram ISABEL FLECK, de São Paulo, e FLÁVIA FOREQUE, de Brasília

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