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    Cubanos celebram volta de presos, mas se dividem sobre reatamento

    FABIANO MAISONNAVE
    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    ENVIADOS ESPECIAIS A HAVANA

    19/12/2014 02h00

    "Finalmente, um milagre", diz a vendedora Odalys, 40, diante das prateleiras pouco diversificadas de seu minimercado, no centro de Havana. "Porque estamos até aqui" –e leva a mão ao pescoço.

    Um dia depois do histórico anúncio de reaproximação com os EUA, os cubanos em Havana demonstravam bastante alegria com a libertação dos três agentes por Washington, mas se dividiam sobre o impacto das medidas anunciadas pelo presidente Barack Obama na superação das dificuldades do país.

    A soltura de Gerardo Hernández, Ramón Labañino e Antonio Guerrero após 16 anos de prisão por espionagem foi o principal assunto da imprensa oficial cubana nesta quinta (18). Os três foram recebidos por Raúl Castro horas depois do anúncio.

    Adalberto Roque - 18.dez.2014/AFP
    Idoso vende livros em rua de Havana, Cuba
    Idoso vende livros em rua de Havana, Cuba

    O caso dos Cinco Cubanos –dois haviam sido libertados em 2013 após cumprir pena– vinha sendo muito explorado pela propaganda estatal, que os descreve como mártires na resistência aos EUA. Eles haviam se infiltrado em grupos extremistas anticastristas baseados na Flórida.

    "Foi uma coisa linda, me emocionei tanto que passei mal", disse Hildalia Almeida, 73, vendedora na livraria estatal Camilo Cienfuegos. "Fidel Castro prometeu e cumpriu", completou, repetindo o que se estampou na capa do jornal estatal "Granma".

    Almeida, que nunca acessou a internet, conta que ouviu de funcionários de hotéis de luxo –onde há acesso à web– que "o mundo inteiro felicitou o povo cubano".

    O artista plástico Leo Marquez, 44, que vende bandeiras de Cuba pintadas sobre telhas antigas, disse que a tendência é de melhora. "Fidel e Raúl podem ter cometido seus erros, mas o bloqueio fez muito mal. Até comprar remédio de fora era proibido."

    A poucos metros, a vendedora de cremes faciais Mirelly, mesmo vestindo uma lustrosa calça estampada com a bandeira dos EUA, mostrou ceticismo. "Melhorar relações? Você acreditou? Nem eu, que sou cubana, acredito."

    Mais entusiasmado, Toni Gonzalez, 45, está ansioso pela abertura do setor de telecomunicações da ilha. Agente de turismo, Gonzalez nunca entrou na internet. Tem computador, mas só usa para escrever e baixar de pendrives fotos, vídeos e uma versão simplificada da Wikipedia.

    "Quando entrarem as operadoras americanas, os preços vão cair muito e finalmente vai ter internet decente", diz ele, que ostenta, orgulhoso, um iPhone 4 que recebeu de uma turista –pagamento por uma semana de trabalho.

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