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    Veja semelhanças e diferenças entre os aviões malaios que desapareceram

    NICOLA CLARK
    DO NEW YORK TIMES

    29/12/2014 12h28

    Um Airbus A320 do voo 8501 da AirAsia, com 162 pessoas a bordo, desapareceu das telas dos radares na madrugada do domingo (28), cerca de 40 minutos depois de decolar da cidade indonésia de Surabaia, com destino a Cingapura. Depois de um dia inteiro de buscas nas águas relativamente rasas ao largo de Bornéu, não tinham sido encontrados vestígios da aeronave, provocando incertezas e dor apenas nove meses depois de o voo 370 da Malaysia Airlines desaparecer pouco depois de decolar de Kuala Lumpur.

    Embora o voo 8501 tenha sumido na mesma região do mundo, o caso envolve uma linha aérea e um avião diferentes.

    A seguir, algumas informações básicas do que se sabe sobre os dois desaparecimentos.

    Diferentemente da Malaysia Airlines, companhia aérea estatal que passava por dificuldades financeiras, a AirAsia, com sede em Kuala Lumpur, Malásia, é uma linha aérea em franco crescimento, que tem voos de baixo custo e conta com várias filiadas, incluindo a Indonesia AirAsia, que operam em todo o sudeste asiático. Sua frota de 80 aviões é relativamente nova; as aeronaves têm em média menos de cinco anos.

    O avião que sumiu no domingo foi um Airbus A320-200 de corredor único, fabricado em 2008. A AirAsia é uma das maiores operadoras mundiais de jatos da série Airbus A320. No caso do voo 370 da Malaysia Airlines, o aparelho era um Boeing 777-200, um jato de corpo largo fabricado em 2002.

    O histórico de segurança da AirAsia era perfeito até o domingo. O bilionário Tony Fernandes, atual executivo-chefe da empresa, a adquiriu em 2001 do conglomerado DRB-Hicom, ligado ao governo. Na época ela era uma empresa pequena e fortemente endividada, criada originalmente em 1994.

    CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS

    No caso do voo 370, o céu estava claro e não foram relatadas condições de tempo incomuns ou turbulência. No caso da AirAsia, foram informadas formações de nuvens cúmulo-nimbo na área, e as agências meteorológicas informaram a ocorrência de muitos relâmpagos na rota prevista do voo.

    Não foram lançados chamados de emergência pelas tripulações dos dois aviões. Mas os pilotos do voo 8501 avisaram os controladores de tráfego aéreo de Jacarta, Indonésia, que pretendiam subir de 32 mil pés para 38 mil pés para evitar o que talvez fosse um temporal. É por isso que muitos especialistas estão enxergando as condições de tempo como possível fator a ter contribuído para o desaparecimento do avião.

    No caso do voo 370, a última comunicação recebida do avião foi uma mensagem de "boa noite" aos controles de tráfego aéreo da Malásia, pouco antes de o avião supostamente entrar no espaço aéreo do Vietnã. Em vez disso, o avião se desviou completamente de sua trajetória prevista até Pequim, por razões até agora desconhecidas.

    COMUNICAÇÕES

    Além das comunicações de voz entre os pilotos e os controladores de tráfego aéreo, os computadores a bordo do avião deveriam transmitir periodicamente e automaticamente certos dados de manutenção e desempenho do voo. As autoridades indonésias ainda não divulgaram o teor dessas transmissões, mas em acidentes passados esses dados forneceram pistas importantes sobre o que aconteceu.

    No caso do voo 370, a quantidade desses dados foi limitada porque um dos sistemas automatizados, o ACARS, foi um dos que se acredita que teriam sido desabilitados manualmente na cabine.

    Mas no caso de outro voo, o 447 da Air France que desapareceu ao largo da costa brasileira em 2009, os investigadores tiveram acesso a uma enxurrada de mensagens de erro que indicaram, entre outras questões, um problema com os sensores de velocidade do avião, problema que acabou por desativar o sistema de pilotagem automática da aeronave.

    No caso do voo da AirAsia, ainda não há qualquer indício de que a tripulação tenha desativado qualquer sistema do avião. No caso do voo 370, os investigadores acreditam que os transponders do avião e outros sistemas de comunicações tenham sido desativados manualmente por alguém na cabine, possivelmente um dos pilotos.

    PILOTOS

    Um dos detalhes que provocou mais perplexidade no caso do voo 370 é o fato de seu comandante ter sido um piloto extremamente experiente, com mais de 18 mil horas de experiência de voo. O co-piloto era menos experiente e tinha apenas 2.700 horas de voo acumuladas. A experiência de voo somada dos dois pilotos do avião da AirAsia é muito menor: o comandante tinha um total de 6.100 horas, e o co-piloto, 2.275 horas de experiência de voo.

    STATUS DO VOO 370

    O voo 370 deixou Kuala Lumpur em 8 de março com destino a Pequim, num voo que atravessaria a noite, levando 239 pessoas a bordo, mas suas comunicações foram desligadas por razões não explicadas e o avião seguiu para o sul. Uma série de sinais de comunicações de satélite do avião captadas por uma estação em terra em Perth, na Austrália, indicou que o avião provavelmente caiu em algum ponto do oceano Índico, ao largo da costa oeste da Austrália, quando seu combustível acabou.

    Três meses de buscas por destroços na superfície do mar, além de esforços para localizar os sinalizadores de áudio presos às chamadas caixas pretas da aeronave, cobriram uma área de 4,4 milhões de quilômetros quadrados, mas não renderam qualquer vestígio do avião.

    Uma nova busca foi iniciada em outubro numa área extensa de leito marítimo acidentado onde, com base em cálculos feitos a partir da série de sinais por satélite, acredita-se que o avião teve ter caído.

    As autoridades australianas encarregadas da fase mais recente das buscas dizem estar cautelosamente otimistas quanto às chances de encontrarem o jato eventualmente, com a ajuda de equipamentos de alta tecnologia que incluem sonares laterais, sonares de abertura sintéticas, sinalizadores de eco e câmeras de vídeo sofisticadas.

    Tradução de CLARA ALLAIN

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