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    Caso de 'boate Kiss' argentina completa dez anos

    FELIPE GUTIERREZ
    DE BUENOS AIRES

    29/12/2014 19h38

    Há dez anos aconteceu o maior acidente não natural na história da Argentina: o incêndio na casa de shows República Cromagnón, em Buenos Aires, no dia 30 de dezembro.

    O fogo começou quando foram lançados fogos de artifício dentro da boate, que recebia um público quatro vezes maior do que o autorizado. No total, 194 pessoas morreram.

    A tragédia da República Cromagnon teve um conjunto de causas: a planta do edifício que estava protocolada na prefeitura era diferente da construída, os gerentes colocaram no teto uma tela para isolamento acústico que, ao pegar fogo, se tornou tóxico e as portas de saída de emergência não funcionaram direito.

    Como consequência do incêndio, os vereadores tiraram do poder o então prefeito Aníbal Ibarra, em março de 2006. O processo judicial não terminou. Inicialmente, 15 pessoas foram presas, mas a maioria deles teve penas revistas.

    A banda que tocava naquela noite, Callejeros, foi detida, mas hoje responde em liberdade (a exceção é um baterista que está preso pelo assassinato de sua mulher).

    O gerente da banda, o dono do lugar e um delegado estão presos. Um promotor de shows que também estava detido morreu neste ano.

    O caso tem muitas semelhanças com o da boate Kiss, em Santa Maria (RS), em janeiro de 2013, quando morreram 242 pessoas.

    "Eu soube do que aconteceu no Brasil no ano passado e, quando vi as imagens, me impactaram muito, porque era muito parecido. Havia similaridades com o que aconteceu aqui. Isso me deixou arrepiada", conta uma das sobreviventes da Cromagnón, Tamara Mohsen, 25.

    Aos 15, ela era fã dos Callejeros -o guitarrista havia estudado na mesma escola que ela, os membros da banda eram do seu bairro e muitos de seus amigos e vizinhos se identificavam com o conjunto que começou nas ruas onde eles viviam.

    Ela estava em um grupo de dez pessoas do bairro e uma delas percebeu o incêndio pouco depois do início. Ela se perdeu tentando sair da pista pelos cantos, mas tropeçou e caiu.

    "É uma sensação horrível. Outras pessoas caíram em cima de mim, eu não conseguia levantar, pisavam na minha cara. Não me lembro como consegui levantar, mas depois disso eu estava sem os sapatos, sentia meus pés queimando", conta.

    Depois de um tempo, a fumaça dentro do ambiente não a deixava enxergar. Ela tentou seguir uma garota que, com a lanterna do telefone celular, tentava encontrar a porta. No fim, se agarrou a uma coluna até que foi tirada de lá.

    Hoje, Mohsen é formada em administração e tem uma especialização justamente em organização de eventos. "Estudei isso porque acho que é preciso para fazer as coisas direito, organizar um espetáculo para que os clientes estejam tranquilos."

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