Ao menos quatro membros da oposição cubana foram detidos ou postos sob prisão domiciliar nesta terça (30), horas antes de um evento antigoverno.
A artista cubana expatriada Tania Bruguera, 46, planejava uma performance em que um microfone seria colocado à disposição do público na praça da Revolução, em Havana, capital.
O local é um símbolo do regime cubano, por ser circundado pelos edifícios do Comitê Central do Partido Comunista e do Ministério das Forças Armadas.
A ideia de Bruguera era permitir que qualquer pessoa expressasse sua opinião, durante um minuto cada uma, sobre o futuro do país, que recentemente retomou suas relações diplomáticas com os Estados Unidos.
No dia 20 de dezembro, em discurso à Assembleia Nacional de Cuba, o ditador Raul Castro disse que a reaproximação não mudaria o sistema de partido único da ilha.
Às 15h locais (18h de Brasília), horário marcado para o evento, a artista não apareceu para a performance.
Cerca de vinte opositores se reuniram no local e fizeram um protesto silencioso.
A performance havia sido anteriormente rechaçada pela Associação de Artistas Plásticos, pelo Ministério da Cultura e pela União de Artistas e Escritores de Cuba.
Os amigos de Bruguera não souberam informar seu paradeiro. O celular da artista estava fora de serviço e a polícia impediu as pessoas de se aproximarem do apartamento em que ela está hospedada.
"Dizem que ela foi detida, mas não temos como verificar essa informação", afirmou Elizardo Sánchez, líder da Comissão Cubana de Direitos Humanos, que disse acreditar que ao menos 12 pessoas foram detidas.
O portal 14ymedio denunciou que a blogueira Yoani Sánchez estaria sob prisão domiciliar e que seu marido, Reinaldo Escobar, havia sido detido junto com o dissidente Eliecer Avila. Também o opositor Antonio Rodiles teria sido levado pela polícia, segundo o portal.
O Departamento de Estado americano condenou as detenções. O senador republicado Marco Rubio disse que Cuba zomba da nova política americana para a ilha.
Nos últimos anos, diversos dissidentes foram detidos pela polícia cubana. Normalmente, eles são liberados horas depois.
Antes, alguns dissidentes disseram estar indecisos se participariam do protesto, por o avaliarem como desnecessariamente provocativo. Outros disseram que haviam sido alertados pela polícia para manter distância do evento.