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    Para Amorim, novo chanceler terá que restabelecer moral de diplomatas

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    31/12/2014 17h02

    O ex-chanceler Celso Amorim, que também deixa o posto de ministro da Defesa nesta quarta-feira (1º), elogiou a escolha do embaixador Mauro Vieira, 63, para substituir Luiz Alberto Figueiredo à frente do Itamaraty e disse que o novo chanceler terá como desafio ajudar os diplomatas a recuperar "o moral".

    "O Mauro é um excelente diplomata. Pessoalmente, me sinto até gratificado, porque ele foi meu chefe de gabinete duas vezes", disse à Folha. Vieira foi o braço-direito de Amorim entre 1992 e 1993 e entre 2003 e 2004, e os dois também trabalharam juntos no Ministério da Ciência e Tecnologia nos anos 80. O diplomata era embaixador em Washington desde janeiro de 2010.

    Um dos principais nomes cotados para assumir o Ministério das Relações Exteriores no segundo mandato de Dilma Rousseff, Amorim negou que tenha recebido o convite da presidente nos últimos dias.

    "Não fui convidado nem sequer sondado, só a imprensa que falou", afirmou. Ao ser questionado se teria aceito um eventual convite, o ministro se limitou a dizer que "não costuma fugir de desafios".

    Na opinião de Amorim —ministro a ficar mais tempo à frente do Itamaraty na história da diplomacia brasileira–, o primeiro desafio de Vieira será restabelecer a confiança do corpo diplomático após uma notável perda de prestígio da pasta.

    "Acho que ele vai ter que se voltar muito para a casa [Itamaraty], porque sinto, por circunstâncias diversas, que o moral anda baixo na casa. Essa talvez será a tarefa principal dele", disse.

    Para Amorim, há hoje um problema de ausência da diplomacia brasileira no cenário internacional. "Política externa também se faz com presença. Não basta você ter uma boa posição, tem que ter uma atuação", diz, destacando que Vieira é um diplomata com condições para reverter esse quadro.

    Por enquanto, os planos de Amorim, 72, ao deixar a Esplanada dos Ministérios se concentram em escrever seu livro de memórias. Em fevereiro, ele lança "Declaração de Teerã e outras narrativas", no qual fala sobre os bastidores das conversas com o Irã, o Oriente Médio e a rodada Doha.

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