• Mundo

    Thursday, 02-May-2024 05:34:05 -03

    O islamismo declarou guerra ao nosso país, diz Marine Le Pen

    ANA CAROLINA DANI
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    09/01/2015 02h45

    A presidente da Frente Nacional (FN), partido francês de extrema direita, Marine Le Pen, referiu-se ao ataque contra a sede do jornal "Charlie Hebdo", ocorrido na quarta (7), como uma declaração de guerra do islamismo ao país.

    Em entrevista à Folha por email, Le Pen disse que é preciso "responder sem fraquejar" ao "totalitarismo religioso que mata todo dia centenas de inocentes no mundo".

    Para ela, tanto a esquerda quanto a direita não escutaram os alertas da FN sobre o "perigo" do fundamentalismo islâmico.

    Roberto Pratta - 30.nov.2014/Reuters
    Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, durante evento em novembro de 2014
    Marine Le Pen, líder da Frente Nacional, durante evento em novembro de 2014

    Le Pen é provável candidata às eleições presidenciais de 2017, e, segundo pesquisa do Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) de novembro, iria para o segundo turno se as eleições fossem hoje.

    A líder da FN não foi chamada para a "marcha republicana" em homenagem às vítimas neste domingo (11). Para ela, a decisão é uma "manobra para tentar excluir o único movimento político que não tem nenhuma responsabilidade pela situação atual".

    Folha - Como o ataque afeta o discurso da Frente Nacional?

    Marine Le Pen - Esse atentado deve levar, como a Frente Nacional pede há anos, a um debate sobre o fundamentalismo islâmico, a uma estratégia clara para erradicá-lo e à implementação de uma política forte.

    O islamismo, esse totalitarismo religioso que mata todo dia centenas de inocentes no mundo, declarou guerra ao nosso país. Devemos responder sem fraquejar.

    Esse discurso não vinha sendo ouvido?

    Apontamos, há anos, a inconsequência das políticas implementadas pela esquerda e pela direita com relação à imigração e ao isolamento em comunidades que alimentam o fundamentalismo islâmico. Denunciamos a perda da soberania de nossas fronteiras, a permissividade do Judiciário e a irresponsabilidade de nossa política externa, que se alia a ditaduras islâmicas como o Qatar ou a Arábia Saudita e arma terroristas na Líbia e na Síria. É evidente que os governos se mostraram, no mínimo, autistas diante de nossos alertas.

    Qual o impacto do episódio na opinião pública?

    Os franceses, a partir das manifestações espontâneas que emergiram após o atentado, tomaram consciência dessa declaração de guerra.

    A unidade nacional é indispensável, assim como nossa determinação de não sucumbir ao medo e à intimidação. Diante do terrorismo islâmico, temos que nos defender com todos os meios possíveis. Acredito que nossos compatriotas entendem isso.

    Na sua opinião, que tipo de resposta seria desejável?

    Para enfrentar o fundamentalismo islâmico, devemos agir como uma República independente, fiel aos seus valores e determinada a impor o respeito às leis.

    O Estado deve mostrar determinação neste combate vital por meio da interrupção da imigração que alimenta o isolamento em comunidades, do controle de nossas fronteiras, do confisco sistemático da nacionalidade francesa aos candidatos à jihad [guerra santa], com leis mais duras contra o terrorismo, fortalecimento da polícia e dos serviços secretos, expulsão dos imãs [sacerdotes islâmicos] radicais que promovem a raiva e ruptura das relações diplomáticas com países que apoiam os fundamentalistas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024