Dissidentes cubanos informaram nesta sexta que o total de ativistas presos libertados pelo governo desde quarta-feira subiu para 36.

O governo de Cuba não se pronunciou sobre o fato. O país se comprometeu a soltar 53 prisioneiros como parte do acordo histórico de reaproximação com os Estados Unidos, anunciado no mês passado.

O Departamento de Estado dos EUA celebrou o gesto, mas não confirmou números. "Saudamos a significativa e contínua libertação dos presos políticos pelo governo cubano", comentou Jen Psaki, porta-voz do órgão.

O grupo opositor União Patriótica de Cuba (Unpacu), considerado ilegal no país, disse em comunicado que 29 de seus membros estão entre os 36 libertados.

Eles foram soltos sob a condição de se apresentarem regularmente às autoridades e avisados de que podem voltar à prisão se participarem de atos contra o governo.

No entanto, parte deles não pretende desistir."Nossos ex-prisioneiros estão comprometidos a continuar lutando pela Cuba democrática que todos nós queremos", disse José Ferrer, líder da Unpacu.

"Os ativistas saíram da prisão com mais energia, força e motivação do que tinham quando foram presos", prosseguiu Ferrer.

A maioria dos libertados cumpria penas curtas, de dois a cinco anos, por atos como resistir à prisão e ameaçar policiais.

Um deles, Angel Remon, artista de hip-hop conhecido como "O Crítico", foi preso em 2013 depois de pintar a frase "Abaixo a ditadura"" em um muro de sua casa. Ele fez greves de fome na cadeia e disse que contraiu cólera devido à falta de condições sanitárias.

"Estou tão feliz de estar de novo com meus filhos e minha mulher", disse Remón. "Nosso país ainda é uma ditadura. Vamos continuar lutando por uma Cuba independente."

Quase todas os libertados constavam em uma lista informal de presos políticos criada por dissidentes, mas não há informações se todos eles estão na lista de 53 nomes negociada entre EUA e Cuba.

Nesta semana, foi anunciada a data da primeira rodada de negociações entre EUA e Cuba para a retomada das relações diplomáticas.

Uma delegação norte-americana, liderada pela vice-secretária de Estado Roberta Jackson será recebida em Havana nos dias 21 e 22 de janeiro. O encontro debaterá temas como a reabertura das embaixadas e a política de vistos.