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    Suspeito de ataque a mercado kosher encontrou Sarkozy em 2009, diz jornal

    DE SÃO PAULO

    09/01/2015 22h48

    Amedy Coulibaly, 32, identificado como o sequestrador que matou quatro reféns em um mercado kosher na periferia de Paris nesta sexta (9), tinha diversas passagens pela polícia —e, segundo o jornal francês "Parisien", pelo menos uma no Palácio do Eliseu.

    Em 2009, ele teria conhecido o então presidente da França, Nicolas Sarkozy.

    O encontro era uma reunião sobre as oportunidades de emprego para a juventude francesa. Antes do evento, Coulibaly concedeu uma entrevista ao "Parisien", em que dizia esperar conseguir um emprego com o presidente.

    Naquela época, Coulibaly tinha um contrato de profissionalização com a Coca-Cola, espécie de estágio voltado à qualificação de jovens ou à reinserção de desempregados no mercado de trabalho.

    AFP
    Fotos mostram Hayat Boumeddiene (à esq.), ainda foragida, e Amedy Coulibaly (à dir.)
    Fotos mostram Hayat Boumeddiene (à esq.), ainda foragida, e Amedy Coulibaly (à dir.)

    Segundo a reportagem do "Parisien" de 2009, que não menciona se Coulibaly fazia parte de um programa para egressos da prisão, Sarkozy iria se encontrar com dez jovens que tinham aquela modalidade de emprego.

    O Palácio do Eliseu, no entanto, alegou nesta sexta (9) que o presidente se encontrou com 500 jovens na ocasião e que não sabia se Coulibaly estava entre eles.

    Coulibaly, que foi morto pela polícia, também era o suspeito pelo assassinato de uma agente em Montrouge na quinta (8), menos de 24 horas após o massacre na sede do "Charlie Hebdo".

    Na ação desta sexta, também teria participado do sequestro Hayat Boumeddiene, 26, companheira de Coulibaly e agora foragida.

    FICHA POLICIAL

    Coulibaly tinha uma longa ficha criminal, principalmente por roubos. A imprensa francesa acredita que foi nos diversos períodos em que esteve na cadeia que ele se converteu ao islã e se radicalizou.

    Segundo o "Libération", Coulibaly era o único irmão homem de uma família de origem malinesa com dez filhos. Sua infância teria sido "feliz", e sua formação escolar, "mediana". Aos 17 anos, foi quando ele passou a mudar de comportamento.

    Somente entre 2001 e 2002, ele foi condenado três vezes por roubo. As penas somavam oito anos, mas ele ganhou suspensão para quatro anos e nove meses da pena.

    Em 2004, ele voltou a ser condenado a seis anos por roubo a mão armada em um banco, com dois cúmplices.

    Em 2005, ele recebeu outra condenação, de três anos, também por roubo. Em 2007, foram mais 18 meses por tráfico de drogas.

    Apesar disso, em julho de 2009, ele teria se encontrado com o então presidente francês, Nicolas Sarkozy.

    VÍNCULOS JIHADISTAS

    Menos de um ano depois, Coulibaly voltou a ser detido pela polícia, sob suspeita de planejar a fuga de Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA), condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado à estação Museu de Orsay de Paris, em 1995.

    Na ocasião, foram encontrados na casa de Coulibaly 240 cartuchos de balas e fotos dele com Djamel Beghal, que foi condenado por planejar um atentado contra a embaixada dos EUA em Paris

    Também Chérif Kouachi, 32, teria participado do plano de fuga. Segundo o site do "Nouvel Observatoire", Kouachi e Coulibaly teriam se conhecido entre 2005 e 2006, quando estavam na prisão Fleury-Mérogis, em Paris.

    Coulibaly foi condenado em dezembro de 2013 a cinco anos. Teve a pena diminuída em um ano e foi solto em março de 2014.

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