• Mundo

    Saturday, 18-May-2024 03:47:12 -03

    Líder tchetcheno vê islamofóbicos por trás de ataque ao 'Charlie Hebdo'

    DA EFE
    DE SÃO PAULO

    12/01/2015 14h29

    O presidente da república russa da Tchetchênia, Ramzan Kadryov, questionou nesta segunda-feira (12) se o atentado ao jornal "Charlie Hebdo" não teria sido orquestrado para insuflar a islamofobia

    "Condeno categoricamente o assassinato de pessoas desarmadas em Paris, mas não estou certo se, por trás disso, não estariam certas forças influentes. Não pode ser uma ação para insuflar sentimentos contra o islã ou desviar a atenção de outro problema global?", indagou em sua conta no Instagram.

    Ele também afirmou que não admite insultos a Maomé, nem que isso lhe custe a vida.

    "Não permitiremos que ninguém insulte o profeta, ainda que isto nos custe a vida", escreveu em alusão às charges publicadas pelo jornal.

    Menahem Kahana - 23.mar.2014/AFP
    Ramzan Kadyrov, líder da Tchetchênia, em inauguração de mesquita em Abu Gosh, Israel
    Ramzan Kadyrov, líder da Tchetchênia, em inauguração de mesquita em Abu Gosh, Israel

    Kadryov ainda recordou que os muçulmanos não desenham Maomé e advertiu que "se estamos calados, não significa que não podemos levar milhões de pessoas no mundo todo em marchas contra aqueles que ofendem os sentimentos religiosos dos muçulmanos".

    O dirigente tchetcheno, entretanto, se define como um "inimigo convencido do terrorismo" e assegurou que a luta contra estes atos é o "sentido da sua vida".

    Ele acredita, porém, que a indignação dos que marcharam no domingo em Paris seja seletiva.

    "Saudamos a condenação unânime do terror pelos líderes das potencias mundiais, mas qual terrorismo condenaram? O que acontece no mundo todo ou só o que aconteceu n França?", perguntou.

    "Por que presidentes, reis e primeiros-ministros nunca lideraram protestos contra as mortes de milhares de afegãos, sírios, egípcios, líbios, iemenitas e iraquianos?", completou.

    A Tchetchênia é uma região russa de maioria muçulmana que busca a emancipação da Rússia. No passado, já houve guerras entre Moscou e a região separatista, que conta com jihadistas.

    Ataques terroristas também fazem parte do modo de ação de alguns tchechenos.

    Em 2002, 42 militantes da região invadiram um teatro em Moscou e tomaram 850 reféns, exigindo como contrapartida para sua liberação a retirada de tropas russas da Tchetchênia e o fim da Segunda Guerra da Tchetchênia.

    Depois de dois dias de crise, forças russas bombearam um gás tóxico no sistema de ventilação do edifício e iniciaram uma invasão.

    39 dos militantes e 129 reféns morreram.

    Em 2004, terroristas tchetchenos fizeram 1.200 - entre crianças e adultos– reféns numa escola da cidade de Beslan.

    Após três dias, forças de segurança russas invadiram o local. O saldo foi a morte de 334 civis, 186 deles crianças.

    Kadyov, entretanto, é simpático a Moscou

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024