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    Milhares marcham na Tchetchênia contra caricaturas do 'Charlie Hebdo'

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    19/01/2015 09h27

    Centenas de milhares de pessoas se reuniram em Grozny, capital da república da Tchetchênia, na Rússia, numa marcha convocada pelas autoridades locais para protestar contra as caricaturas de Maomé publicadas no jornal "Charlie Hebdo".

    O ato foi organizado pelo líder local Ramzan Kadyrov. A Tchetchênia, localizada no Cáucaso, tem maioria muçulmana.

    "Hoje vemos que a Europa não tirou as conclusões apropriadas dos sangrentos acontecimentos de Paris. Em vez de condenar os que abriram fogo [contra os jornalistas do "Charlie Hebdo"] e os que, com suas caricaturas, deram motivo para isso, as autoridades da França organizaram um espetáculo em apoio à permissividade", afirmou Kadyrov durante a manifestação.

    "Vamos dizer a todo o mundo que os muçulmanos de nenhum modo permitirão ser utilizados para desestabilizar a situação no país", acrescentou.

    Eduard Korniyenko/Reuters
    Homens participam da marcha contra caricaturas do "Charlie Hebdo" em Grozny, na tchetchênia
    Homens participam da marcha contra caricaturas do "Charlie Hebdo" em Grozny, na tchetchênia

    Kadryov já havia sugerido recentemente que os atentados de Paris haviam sido realizados para insuflar sentimentos anti-islâmicos na Europa.

    Além da multidão que tomou a praça Ajmat Kadyrov e as ruas próximas ao local e que gritava Allah Akbar (Deus é o maior) líderes religiosos também estiveram presentes.

    "O ocidente perdeu seus valores morais e espirituais. Também adotam leis que permitem o matrimônio entre gente do mesmo sexo", disse o presidente do Conselho de Muftis [acadêmicos islâmicos a quem é reconhecida a capacidade de interpretar a lei islâmica] da Rússia, Ravil Gainutdin.

    O protesto foi convocado para afirmaram que o islã é uma religião de paz e manifestar nossa indignação para com aqueles que seguem ignorando os sentimentos religiosos dos muçulmanos", disse o mufti local, Jaron Torjev.

    Em Magás, capital da Inguchétia –utra república russa de maioria muçulmana no Cáucaso– 15 mil pessoas fizeram protesto semelhante no domingo.

    A Tchetchênia é uma região russa de maioria muçulmana que historicamente busca a emancipação da Rússia. No passado, já houve guerras entre Moscou e a região separatista, que conta com jihadistas.

    Ataques terroristas também fazem parte do modo de ação de alguns tchechenos.

    Em 2002, 42 militantes da região invadiram um teatro em Moscou e tomaram 850 reféns, exigindo como contrapartida para sua liberação a retirada de tropas russas da Tchetchênia e o fim da Segunda Guerra da Tchetchênia.

    Depois de dois dias de crise, forças russas bombearam um gás tóxico no sistema de ventilação do edifício e iniciaram uma invasão.

    39 dos militantes e 129 reféns morreram.

    Em 2004, terroristas tchetchenos fizeram 1.200 - entre crianças e adultos- reféns numa escola da cidade de Beslan.

    Após três dias, forças de segurança russas invadiram o local. O saldo foi a morte de 334 civis, 186 deles crianças.

    Kadyov, entretanto, é simpático a Moscou.

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