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    Reino Unido coletou milhares de e-mails de jornalistas, diz Snowden

    JAMES BALL
    DO "GUARDIAN"

    20/01/2015 00h29

    Um programa de espionagem do Quartel-General de Comunicações do Governo (GCHQ, na sigla em inglês) do Reino Unido captou milhares de e-mails de e para jornalistas que trabalham para algumas dos maiores meios de comunicação do mundo.

    A informação está em documentos divulgados por Edward Snowden, ex-funcionário da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) que revelou o grande esquema de espionagem dos dois governos.

    Mensagens da BBC, Reuters, "Guardian", "New York Times", "Le Monde", "Sun", NBC e "Washington Post" foram copiadas pelo GCHQ e compartilhados na rede interna da agência britânica como um exercício de teste.

    A revelação surge em um momento no qual o governo britânico sofre intensa pressão para proteger as comunicações confidenciais de jornalistas, parlamentares e advogados contra espionagem.

    As mensagens estavam entre os 70 mil e-mails recolhidos em menos de 10 minutos em um dia de novembro de 2008 pelos agentes do GCHQ.

    As comunicações incluíam correspondências entre repórteres e editores sobre reportagens em curso.

    Os funcionários da agência com acesso liberado à rede interna puderam lê-las. Não há evidências, porém, de que os jornalistas tenham ou não sido alvos deliberados.

    Outros documentos dos serviços de inteligência britânicos, revelados por Snowden, mostram que uma avaliação de segurança da informação do GCHQ incluía "jornalistas investigativos" em uma hierarquia de ameaças que também incorporava hackers e terroristas.

    Mais de cem editores de veículos noticiosos britânicos, entre os quais os de todos os grandes jornais, assinaram uma carta ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, protestando contra a espionagem a comunicações de jornalistas.

    MAIS VIGILÂNCIA

    Depois dos ataques terroristas à redação do jornal francês "Charlie Hebdo" e a um mercado judaico em Paris, Cameron renovou seus apelos por uma expansão dos poderes de vigilância maciça do governo, como os que resultaram na coleta das comunicações jornalísticas.

    Casos recentes incluem o acesso da polícia aos registros telefônicos de repórteres do jornal "Mail On Sunday" envolvidos na cobertura do caso de Chris Huhne, político processado por abuso de poder em um caso que envolve multa por excesso de velocidade em seu carro.

    Um porta-voz do GCHQ disse que "é nossa política não comentar sobre questões de segurança" e que "o trabalho do GCHQ é executado sob uma estrutura legal e política rigorosa, completamente compatível com a convenção dos direitos humanos da União Europeia".

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