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    Combate ao narcotráfico é mais eficiente sem os EUA, diz Morales

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ

    22/01/2015 18h02

    O presidente boliviano Evo Morales assumiu nesta quinta-feira (22) seu terceiro mandato afirmando que nacionalizar o combate ao narcotráfico dá mais resultados do que com a ajuda dos EUA. Voltou, ainda, a reivindicar parte do território chileno por conta do acesso ao mar e justificou sua continuidade no poder, apesar de a atual Constituição boliviana só permitir uma reeleição.

    Javier Mamani/Brazil Photo Press/Folhapress
     Cerimônia de posse do presidente da Bolívia, Evo Morales, 55, em La Paz, capital da Bolívia, nesta quinta-feira (22).
    Cerimônia de posse do presidente da Bolívia, Evo Morales, 55, em La Paz, nesta quinta-feira (22)

    A cerimônia, que ocorreu na Assembleia Legislativa, foi assistida pelos presidentes Dilma (Brasil), Nicolás Maduro (Venezuela), Rafael Correa (Equador) e Horacio Cartes (Paraguai), além do vice argentino Amado Boudou e representações de outros países.

    DILMA

    Dilma chegou a La Paz momentos antes de a cerimônia começar e saiu, sem dar declarações, logo após a foto oficial. Sorridente e vestida de casaco verde, a presidente vestiu o poncho cor-de-rosa oferecido no aeroporto e posou para fotos.

    No ano passado, Morales havia reclamado que a presidente jamais visitara a Bolívia, ao contrário de seu antecessor, Lula. A relação entre os dois países havia ficado chamuscada após a fuga do senador oposicionista Roger Pinto promovida por funcionário do Itamaraty em La Paz. Até hoje, a embaixada brasileira na Bolívia encontra-se sem um titular.

    EUA

    "Quero pedir desculpas à comitiva norte-americana, mas sem vocês nós somos eficazes na luta contra o narcotráfico. Quando tínhamos a DEA (Drug Enforcement Administration) aqui, nos deixaram com 34 mil hectareas de plantação de coca, agora temos 22 mil e boa parte é dedicada à coca para consumo legal."

    CHILE

    Morales também afirmou que insistirá junto à Corte de Haya e a outros organismos internacionais pela reivindicação boliviana de saída ao mar, através do atual território chileno. O impasse, que desencadeou a Guerra do Pacífico em 1879 se estende diante da negativa do Chile em negociar.

    Os chilenos pedem respeito a um acordo firmado entre os dois países em 1904, em que a Bolívia foi restituída financeiramente pelo território. Depois da notícias de que o papa Francisco interviria em favor dos bolivianos, a presidente Michele Bachelet decidiu não comparecer à posse. "Vamos voltar a ver o mar, é nossa vocação, o Império que aqui existia antigamente tinha litoral", afirmou Morales.

    O boliviano começou seu discurso defendendo os avanços de sua gestão, que completou nove anos, na redução da pobreza (hoje em 11%) e no bom crescimento do país (5,5% no ano passado). "Vamos reduzir a um dígito o índice de pobreza, e melhoraremos a saúde para evitar que bolivianos tenham de se tratar no exterior", disse, mencionando o Brasil.

    Morales concorreu ao terceiro mandato após a Corte Suprema avaliar que, devido à mudança da Constituição em 2009, o presidente estaria, tecnicamente, apenas no segundo mandato. "Nunca nenhum projeto político teve tanta popularidade na Bolívia. Vencemos três eleições com mais de 50%, 60% dos votos, e temos maioria no parlamento", concluiu.

    INTERNACIONAL

    Ao final, Morales saiu ao balcão do palácio de governo, na plaza Murillo, e cantou junto ao vice, Álvaro García Linera, Rafael Correa e Boudou a Internacional Socialista. O vice argentino parecia alheio à comoção nacional que a morte do promotor Alberto Nisman causou em seu país. Sorrindo o tempo todo e fazendo o sinal de paz e amor com os dedos, Boudou também não quis dar declarações sobre a crise envolvendo a gestão Cristina Kirchner.

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