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    Análise: Rivais republicanos devem buscar bom senso em reunião

    ALAN YUHAS
    DO "GUARDIAN"

    23/01/2015 12h19

    Num ponto de encontro reservado no Utah, duas figuras muito conhecidas que disputam a Presidência dos Estados Unidos -ou, pelo menos, competem para levantar dinheiro para uma possível briga pela Presidência-farão uma pausa em sua rivalidade para se encontrar como simplesmente duas pessoas: Mitt Romney e Jeb Bush.

    Dois republicanos "destacados" disseram ao "New York Times" que os dois herdeiros de suas respectivas famílias ricas, brancas e dotadas de ótimas conexões vão se encontrar reservadamente no Utah esta semana.

    Pouco depois, um repórter do "Wall Street Journal" flagrou Jeb Bush num portão de aeroporto, prestes a embarcar para Salt Lake City, perto de onde a família Romney tem uma de suas maiores casas.

    Bush disse ao "Wall Street Journal" que não tinha declarações a dar sobre o encontro com Romney, mas um encontro entre os dois adversários "de facto" pode ter grande impacto sobre as primárias do Partido Republicano que começarão na sequência.

    Os dois homens vêm cortejando doadores de campanha e assinalaram que estudam a possibilidade de ser candidatos em 2016, naquela que pode ser a terceira tentativa de Romney e a primeira de Jeb Bush.

    Os dois também andam cortejando conservadores do establishment republicano e um eleitorado mais moderado, mantendo distância dos extremos do Tea Party.

    Eles já chegaram a propor argumentos de campanha relativos à desigualdade e à classe média, apesar de suas fortunas pessoais e seus vínculos estreitos com os setores financeiro e petrolífero e com o dinheiro herdado de suas respectivas famílias.

    Segundo o "New York Times", o encontro foi proposto e planejado antes de Romney ter assinalado repentinamente que pode participar da disputa.

    Por enquanto, ele e Jeb Bush têm como meta não conquistar o apoio da população americana, mas o de um grupinho pequeno de americanos que pode ajudá-lo a pagar por uma campanha política que custa mais de US$1 bilhão.

    Para isso, estão tentando distanciar seus argumentos do discurso e das ideias defendidos por Romney em 2012 e dos que o irmão mais velho de Jeb Bush, George W. Bush, defendeu em seus oito anos na Presidência.

    O ex-governador do Massachusetts disse que acredita nas mudanças climáticas e quer combatê-las, tendo também sugerido que os americanos simplesmente "lidem com a pobreza". Sua plataforma continua a mudar; na semana passada ele disse que "precisamos defender a ajuda para tirar as pessoas da pobreza".

    Romney disse, brincando, que aprendeu com o passado: "Sabe, eu sempre quis me candidatar a presidente da pior maneira, e foi exatamente isso o que eu fiz".

    Jeb Bush também se dispôs a falar a seus partidários sobre ser perdedor, dizendo na quarta-feira que também ele aprendeu com o fracasso de sua candidatura ao governo da Flórida em 1994. Ele criticou a administração Obama e disse que vai continuar a ser um moderado convicto, a despeito do cabo de guerra das primárias republicanas.

    Romney e Bush vêm evitando até agora tecer críticas diretas um ao outro, em vez disso voltando sua ira contra o presidente Obama e os elementos mais radicais de seu próprio partido. Na quarta-feira, no Utah, Romney lançou uma pergunta "pro forma" a milhares de pessoas numa conferência sobre gestão de investimentos: "Por que candidatar-se à Presidência, em primeiro lugar?"

    "Os grandes desafios que este país enfrenta não estão sendo encarados pelos líderes em Washington", ele disse, respondendo à sua própria pergunta, para então fazer uma crítica de passagem a um Partido Republicano impopular: "Nós, nos dois lados do corredor, não estamos conseguindo enfrentar e avançar na solução das questões mais importantes de nosso tempo."

    Falando de Romney, Jeb Bush disse apenas que não acredita que seja necessário destruir um adversário político para vencer uma primária. Se os dois homens se candidatarem, eles podem dividir o voto de muitos moderados e deixar que um candidato mais extremo lhes roube a indicação republicana.

    À medida que Bush começa a se configurar como certeza crescente na disputa, os doadores aguardam com ansiedade para que Romney anuncie suas intenções com clareza. Como seu rival, Bush pode ser vulnerável a acusações de elitismo e de uma relação íntima demais com Wall Street.

    Bush manteve distância quase total da candidatura de Romney em 2012, em parte devido à impopularidade de seu sobrenome nos anos seguintes à Presidência de seu irmão. Romney e Bush não se conhecem bem, apesar de terem muitos pontos em comum, incluindo não apenas suas famílias famosas, educação de elite e riqueza fora do comum mas também uma ambivalência muito pública em relação a candidatar-se à Presidência.

    Perguntado um ano atrás sobre a possibilidade de ser candidato em 2016, Romney respondeu: "Oh, não, não, não. Não, não, não, não, não. Não, não, não."

    O encontro no Utah pode ser uma oportunidade para os dois ex-governadores chegarem a algum tipo de entendimento em relação a 2016 -ou pode ser simplesmente uma prévia reservada da disputa das primárias que está por vir.

    Tradução de CLARA ALLAIN.

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