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    Brasileiro acusado de tentar se juntar ao EI é extraditado para a Espanha

    DIOGO BERCITO
    EM MADRI

    24/01/2015 19h18

    O brasileiro Kaíke Luan Ribeiro Guimarães, 18, prestou na sexta-feira (23) seu primeiro depoimento às autoridades espanholas após ter sido extraditado ao país.

    Detido na Bulgária em 15 de dezembro e acusado de tentar integrar-se às forças do Estado Islâmico na Síria, o goiano será julgado pela Audiência Nacional, corte espanhola de alta instância.

    A extradição foi confirmada neste sábado (24) pelo Itamaraty.

    Delian Avramov/Dneven Trud
    O brasileiro Kaíke Ribeiro é escoltado por policiais durante uma audiência no tribunal da Bulgária em que foi julgado
    O brasileiro Kaíke Ribeiro é escoltado por policiais durante audiência em um tribunal da Bulgária

    Guimarães será mantido em um centro penitenciário de Madri sem direito a fiança, durante o processo. Governos europeus têm lidado com mão firme em relação a casos de terrorismo. Diversos de seus cidadãos têm viajado à Síria para lutar nas fileiras do Estado Islâmico, incluindo o belga Brian de Mulder, filho de uma brasileira.

    Nascido em Formosa, Guimarães foi preso pelas autoridades búlgaras em um posto fronteiriço rumo à Turquia. Ele nega as acusações e afirma que viajava a Istambul com amigos para as férias. As autoridades espanholas, que pediram sua extradição, acusam também a dois marroquinos que acompanhavam Guimarães.

    Na Bulgária, ele foi mantido no centro de segurança de Haskovo, onde recebeu auxílio consular do governo brasileiro. Asmático, precisou de remédios e de cobertor, reclamando do frio de sua cela. Guimarães tinha o direito de telefonar às autoridades brasileiras semanalmente, mas não o fez com regularidade.

    "Ele negou ter participado de uma organização terrorista e consentiu ser transferido voluntariamente para as autoridades espanholas, além de ter expressado confiança de que organizará sua defesa na Espanha", afirmou à Folha Stratimir Dimitrov, juiz do distrito de Haskovo.

    As informações referentes ao caso do brasileiro são mantidas em sigilo pelas autoridades, a pedido da família. A reportagem mantém contato com parentes de Guimarães, mas eles se recusam a falar à imprensa sobre o jovem.

    O brasileiro vivia em Terrassa, próximo a Barcelona, à época de sua detenção. A Folha esteve na cidade em dezembro e visitou a mesquita Badr, onde ele costumava rezar. Ali, ele foi descrito como calmo e calado.

    Não está claro como Guimarães foi radicalizado, mas moradores apontam para a influência do marroquino Tawfiq, com quem o brasileiro foi detido na Bulgária. Eles foram observados durante meses pelas autoridades espanholas.

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