A política europeia mergulhou em uma volátil nova era após a vitória histórica na Grécia de radicais de esquerda comprometidos em acabar com anos de austeridade.
Mais de cinco anos após o começo da crise, que teve início na Grécia em outubro de 2009 e levantou dúvidas sobre a sobrevivência do euro, os gregos rejeitaram fortemente os cortes de gastos e aumentos de impostos selvagens impostos pela Europa, que levaram o país à penúria.
Num resultado que superou as previsões de pesquisas e marginalizou os dois principais partidos que governam o país desde a queda dos militares, em 1974, a única pergunta na noite de domingo (25) era se o Syriza, do carismático Alexis Tsipras, garantiria 151 dos 300 assentos, o que permitiria a ele governar sem parceiros de coalizão.
Louisa Gouliamaki/AFP | ||
Alexis Tsipras, líder do Syriza, posa para fotos após votar |
A vitória, amplamente prevista, foi no entanto impressionante em escala e impacto. A maioria de um só partido, se confirmada, será algo ainda mais raro na Europa.
Para uma legenda ascendente como o Syriza, nunca testada no poder, a vitória ressaltou como cinco anos de ortodoxia fiscal viraram a política de ponta-cabeça.
Pela primeira vez, o poder foi entregue a "outsiders" populistas profundamente críticos a Bruxelas e Berlim, mas não antieuropeus –ao contrário de suas contrapartes na extrema direita pela Europa.
Pela primeira vez, um fruto da crise europeia, um partido explicitamente antiausteridade, tomará posse na UE.
O resultado põe em questão se a Grécia ficará no euro e na União Europeia, estabelece um precedente para insurgentes antiausteridade no resto da Europa –especialmente na Espanha, que terá eleições neste ano– e ressalta a rejeição das políticas prescritas principalmente por Berlim nos últimos anos.
O relógio já está correndo. Quando a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o premiê britânico, David Cameron, forem a Bruxelas, em duas semanas, vão se reunir com Tsipras –provavelmente o único homem que não estará de gravata. O simbolismo é enorme. Os dissidentes antimainstream da Europa e os populistas não estão mais apenas batendo à porta.
Tradução de ISABEL FLECK
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