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    Remédio cubano pode fazer parte de acordo com os EUA

    CLÁUDIA COLLUCCI
    DE SÃO PAULO

    28/01/2015 03h20

    Um medicamento cubano com potencial de evitar amputações de pés e pernas por complicações do diabetes deve entrar na agenda da aproximação de Cuba com os EUA.

    A droga Heberprot-P foi criada pelo Centro de Engenharia Genética e Biotecnologia de Cuba e está em uso na ilha desde 2007. No Brasil, ainda passará por estudos clínicos que atestem sua eficácia e segurança.

    Por causa do embargo dos EUA a Cuba, o estudo e a comercialização de medicamentos cubanos em território americano são proibidos.

    Nos últimos anos, várias instituições médicas americanas, como Harvard, pediram ao governo permissão para realizar estudos clínicos com o Heberprot-P, mas sem sucesso. Anualmente, 73 mil diabéticos sofrem amputações de pés e pernas por complicações da doença nos EUA.

    A maioria desses casos decorre de úlceras (lesões na pele) nos pés e pernas que não cicatrizam e acabam gangrenando. Nesses casos, é preciso amputar, pois senão a infecção pode se espalhar pelo organismo e há risco de morte. O medicamento ajuda a acelerar a cicatrização.

    A esperança agora é que o remédio entre nas conversações diplomáticas entre Washington e o governo de Raúl Castro, juntamente com outras questões como a imigração, viagens e empreendimentos comerciais.

    "A comunidade médica americana quer que o Heberprot seja autorizado a entrar no país para testes. Testando-o, vamos saber se ele realmente vai salvar os milhares de membros que muitos acreditam que o faça", afirma o cirurgião Kelman Cohen, professor emérito na Virginia Commonwealth University.

    Em congresso científico em dezembro, pesquisadores cubanos mostraram que a droga já foi usada em 170 mil pacientes de 23 países, com 71% de eficácia. Eles não revelaram, porém, quais seriam esses países nem detalhes sobre os testes. Procurado pela Folha, o centro de engenharia genética cubano não se manifestou.

    Em dezembro de 2013, 111 parlamentares americanos enviaram documento à Casa Branca também pedindo a permissão para a droga ser testada nos EUA. Agora, eles devem reforçar o pedido, segundo os médicos.

    "É triste saber que pode haver algo lá fora que tem potencial de salvar pés e pernas [dos diabéticos] e não podemos testá-lo por causa da política", diz David Armstrong, professor de cirurgia na Universidade do Arizona.

    Segundo a médica Maria Cândida Parisi, responsável pelos ambulatórios de pé diabético da Unicamp e da USP, os resultados parecem promissores, mas são necessários estudos maiores e bem controlados para comprovar o benefício. "Hoje não há nenhuma medicação eficaz que evite a amputação de pés."

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