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    Análise: Hizbullah busca atrair Israel para combate em território sírio

    MÁRIO CHIMANOVITCH
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    29/01/2015 02h00

    Os tambores da guerra rufam perigosamente nas fronteiras de Israel com a Síria e o Líbano.

    Foguetes são lançados contra alvos de Israel nas Colinas de Golã e contra a região próxima ao sul do Líbano.

    Os autores dessas operações são os milicianos do Hizbullah, facção armada pelo Irã que combate em território sírio como aliada ao regime de Assad.

    Para analistas israelenses, as ações do Hizbullah e do regime sírio buscam provocar Israel e atraí-lo para um confronto direto, fazendo as forças israelenses cruzarem as fronteiras –principalmente com a Síria– para se envolver num conflito política e militarmente arriscado.

    A facção xiita radical vem sendo insuflada pelos iranianos sedentos de vingança pela morte do general Mohammad Ali Allahdadi, que se encontrava na região como conselheiro e supervisor do Hizbullah, que, por seu turno, perdeu no ataque israelense seu comandante de operações, Jihad Mughniyeh.

    Israel está ciente, por outro lado, que, se resistir às provocações, reagindo com ataques aéreos, mas sem se envolver no confronto direto, o Hizbollah tentará atacar alvos israelenses no exterior.

    "Os foguetes disparados em direção a Golã são um sério desafio a Israel. Se, por um lado, Israel tenta deter o Hizbullah em suas ações no norte do país, por outro, uma resposta militar mais violenta forçará os terroristas a uma escalada em seus ataques. Isso inevitavelmente forçaria o emprego de tropas do Exército, o que beneficiaria os objetivos do regime de Assad e de seus aliados", registrou ontem editorial de importante jornal de Tel Aviv.

    O mais irônico –segundo o mesmo comentarista– é que, se Israel ingressar com tropas na Síria para combater o Hizbullah e as forças de Assad, os grupos sunitas radicais e o Estado Islâmico –adversários de Assad– se veriam na incômoda posição de "aliados" do arqui-inimigo israelense.

    MÁRIO CHIMANOVITCH é jornalista e ex-correspondente de jornais brasileiros no Oriente Médio

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