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    Diário de prisioneiro de Guantánamo chega a livrarias e vira best-seller

    NICKY WOOLF
    DO "GUARDIAN"

    30/01/2015 12h20

    "Guantánamo Diary", o primeiro relato escrito por um detento que continua na infame prisão americana em Cuba, estreou na 14ª posição da lista do "New York Times" dos livros mais vendidos.

    O autor do livro, Mohamedou Ould Slahi, é mauritano e está preso em Guantánamo desde agosto de 2002. Ele escreveu o livro à mão, em inglês, dentro da prisão.

    O livro, que está sendo publicado pelo "Guardian" em capítulos, detalha as experiências de tortura, ameaças e humilhação sofridas por Slahi ao longo de seus 13 anos de detenção, numa odisseia que o levou da Mauritânia ao Senegal, à base aérea de Bagram, no Afeganistão, à Jordânia e, finalmente, a Guantánamo.

    Ben Stansall/AFP
    O irmão mais novo de Mohamedou, Yahdih, segura o livro escrito pelo irmão
    O irmão mais novo de Mohamedou, Yahdih, segura o livro escrito pelo irmão

    Slahi escreveu o livro enquanto estava em cela solitária em 2005, mas o manuscrito ficou guardado numa instalação segura em Washington por sete anos até ser liberado para publicação –mas com mais de 2.500 cortes.

    O editor de "Guantánamo Diary", Larry Siems, disse ao "Guardian" que a voz pessoal e o humanismo de Slahi chamaram sua atenção. "Quando ele chega a Guantánamo, é o momento em que está sendo travada uma luta épica pela alma americana", disse Siems.

    "Temos os interrogadores militares criminosos e esta nova unidade criada pelo Pentágono; agentes de inteligência da Defesa, equipes de projetos especiais que importam estes métodos de interrogatório intensificados. Assim, Mohamedou desembarca bem no meio daquele cabo de guerra."

    "Sua história é a jornada de um homem através desse enorme momento global."

    Nancy Hollander, uma advogada da equipe de defesa de Slahi, disse ao "Guardian" que é pouco provável que o próprio Slahi saiba do sucesso feito por seu livro. "É provável que não" disse, acrescentando que a equipe de advogados só poderá vê-lo novamente em meados de fevereiro.

    "Não sabemos o que ele sabe. Ele tem algum acesso à televisão, então talvez tenha conhecimento de alguma coisa [do que está acontecendo com seu livro]."

    Hollander comentou que ainda é cedo para saber se o sucesso do livro vai ajudar a possibilitar a libertação de Slahi. "Temos a esperança de que faça alguma diferença".


    Tradução de Clara Allain

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