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    Jordânia executa extremista que seria trocada por piloto morto por facção

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    04/02/2015 05h55

    Em resposta à morte do piloto Muath al-Kaseasbeh, 26, queimado vivo pelo Estado Islâmico (EI), a Jordânia executou nesta quarta (4) a extremista iraquiana Sajida al-Rishawi e um homem também ligados à filial iraquiana da rede terrorista Al Qaeda.

    A libertação de Rishawi foi uma das exigências colocadas pelo EI para manter vivo o piloto, capturado em 24 de dezembro após seu avião militar cair na província de Raqqa, na Síria, e soltar o jornalista japonês Kenji Goto, 47, decapitado pela milícia radical.

    24.abr.2006/Efe
    Foto de Sajida al-Rishawi, em abril de 2006; ela foi executada pela Jordânia em vingança a piloto
    Foto de Sajida al-Rishawi, em abril de 2006; ela foi executada pela Jordânia em vingança a piloto

    A extremista foi condenada à morte em 2006 por envolvimento no atentado a um hotel de Amã, capital jordaniana, em 2005, que deixou 60 mortos. A ação foi reivindicada pela filial iraquiana da Al Qaeda, de onde surgiu o Estado Islâmico.

    Segundo o porta-voz do governo, Mohammed al-Momani, Rishawi foi enforcada no fim da madrugada com Ziad al-Karbouly, mandado para o corredor da morte após ser condenado em 2008 por planejar ataques contra jordanianos no Iraque.

    As execuções ocorreram na prisão de Swaqa, a 80 km de Amã, onde os dois estavam presos. Os extremistas serão enterrados em local não divulgado pelas autoridades.

    A morte dos dois presos foi a primeira retaliação jordaniana pela morte de Muath al-Kaseasbeh. Depois da divulgação da morte do piloto, o rei jordaniano, Abdullah 2º, prometeu se vingar e aumentar a pressão sobre o Estado Islâmico.

    O vídeo do assassinato de Kaseasbeh foi divulgado na mesma hora em que o monarca se encontrava em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para discutir, dentre outros assuntos, a participação na coalizão contra a milícia.

    A televisão estatal jordaniana informou que o piloto foi morto em 3 de janeiro, em sinal de que o esforço para libertá-lo foi em vão e uma mostra de que o Estado Islâmico esperou a visita de Obama para poder divulgar a morte.

    Em discurso durante a noite, Abdullah 2º pediu que todo o país se una contra a facção. "É dever de todos nós que fiquemos unidos e mostremos os valores reais dos jordanianos diante destas dificuldades", disse.

    A Jordânia faz fronteira com províncias da Síria que foram dominadas pelo Estado Islâmico. O país também é um dos principais fornecedores de combatentes para a milícia e outros grupos radicais islâmicos que combatem na guerra civil do país vizinho.

    PROTESTOS

    Após a divulgação da morte do piloto, centenas de jordanianos foram ao palácio real, em Amã, para pedir maior pressão contra o Estado Islâmico. Alguns manifestantes pediram morte à facção e vingança contra a morte.

    Em Karak, cidade natal de Kaseasbeh, dezenas de manifestantes atacaram um prédio do governo e culparam as autoridades por não fazer nada para salvar o piloto. A multidão foi acalmada por líderes tribais.

    O pai da vítima, Safi Yousef al-Kaseasbeh, ficou inconsolável após saber da morte do filho. Segundo o jornal "The New York Times", ele caiu no chão gritando, tirou seu turbante e chorou ao lado de sua mulher, Anwar.

    "O sangue de nosso filho é o sangue da nação, e o sangue da nação precisa ser vingado. Eu peço que o Estado Islâmico seja totalmente eliminado", disse, em entrevista nesta quarta.

    Esta é a primeira vez em que o Estado Islâmico divulga um vídeo de um refém morto queimado vivo. Os outros reféns cujos vídeos de morte foram divulgados –seis ocidentais e dois japoneses– foram assassinados em decapitações.

    A milícia segue uma interpretação radical do islamismo sunita, assim como outras milícias radicais e a rede terrorista Al Qaeda. Em fóruns na internet, seguidores dizem que foi aplicada a lei de talião, a do "olho por olho, dente por dente".

    Para eles, a morte do piloto queimado vivo é uma resposta à forma como geralmente são mortos os membros da milícia radical em bombardeios, como os da coalizão liderada pelos Estados Unidos para tentar acabar com a facção.

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