• Mundo

    Tuesday, 07-May-2024 06:14:23 -03

    Apesar de crise na Ucrânia, EUA e Rússia mantêm acordo nuclear

    JULIAN BORGER
    DO "GUARDIAN"

    06/02/2015 12h41

    Enquanto as relações entre Estados Unidos e Rússia prosseguem em seu longo declínio, impelidas para o gelo profundo pelo conflito da Ucrânia, um elemento crítico desse relacionamento se mantém intacto.

    Quatro anos atrás, em tempos de muito mais esperança, o Novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas (novo Start) entrou em vigor, depois de assinado em Praga por Barack Obama e o então presidente russo Dmitri Medvedev.

    O tratado previa a redução em um terço do arsenal de ogivas nucleares posicionadas de ambas as partes, para um novo teto de 1.550 ogivas cada lado. Mais tarde, Obama descreveu Medvedev como "amigo e parceiro", e Medvedev falou da "química pessoal" entre eles dois. Foi o único avanço sólido conquistado pela "reinicialização" temporária das relações entre Washington e Moscou.

    Medvedev saiu de cena há muito tempo, e, se existe uma química pessoal entre Obama e Vladimir Putin, é de natureza altamente tóxica. Mas a implementação do Novo Start não foi afetada. Na última contagem declarada, feita em setembro, os EUA tinham 1.642 ogivas nucleares e a Federação Russa tinha 1.643.

    Esse número se insere tranquilamente numa trajetória de descenso para chegar às 1.550 ogivas para cada lado previstas para dentro de três anos.

    "Foram quatro anos muito bem-sucedidos em que o tratado vem sendo implementado de modo contínuo, tranquilo e sem percalços -um importante ponto positivo em nossas relações bilaterais", disse Rose Gottemoeller, subsecretária de Estado para o controle de armas e a segurança internacional, em entrevista telefônica dada quando estava em Londres.

    "Essa questão tem estado imune aos problemas no relacionamento entre os dois países."

    Quando o Novo Start foi assinado, porém, a intenção era que marcasse o início de reduções mais ambiciosas nos arsenais dos dois Estados, aos quais pertence a maioria avassaladora das armas nucleares do mundo.

    Mas não houve negociações posteriores sobre isso, nem parece provável que haja. Em 2013 Obama propôs uma redução adicional de um terço dos arsenais estratégicos, mas Moscou não manifestou interesse. "Neste momento não temos um par interessado em dançar", disse Gottemoeller.

    Há outro problema que ameaça prejudicar a estabilidade do regime bilateral de controle de armas. No ano passado os EUA acusaram a Rússia de violar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Médio (INF), ao testar um míssil com capacidade nuclear e com alcance dentro da gama proibida de 500 km a 5.500 km.

    Gottemoeller disse que a nova arma é "um novo míssil cruise de lançamento terrestre", mas negou que fosse de um tipo especulado em alguns relatos, o Iskander-K ou R-500.

    Quando questionada, Moscou não reconheceu a existência do míssil suspeito e lançou acusações contrárias sobre infrações cometidas por EUA, que Washington rejeitou por sua vez. Os EUA ameaçaram tomar contramedidas militares se a questão não for resolvida, insinuando que pode voltar a estacionar armas de alcance médio na Europa.

    Mas Gottemoeller insistiu que não há prazo para que quaisquer medidas desse tipo sejam lançadas e que, por enquanto, Washington vai apostar na diplomacia.

    Tradução de CLARA ALLAIN

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024