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    Comissão do Vaticano defende punição a religiosos que acobertam pedofilia

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    09/02/2015 14h00

    A Pontifícia Comissão para a Proteção das Crianças defendeu, nesta segunda (9), que bispos e outras autoridades religiosas sejam responsabilizados pelos atos de pedofilia cometidos por seus subordinados, caso acobertem esses crimes.

    Os 17 membros da comissão, que ficaram reunidos de sexta (6) a domingo (8) no Vaticano, irão propor ao papa Francisco procedimentos que garantam que todos aqueles que trabalham com menores sob a supervisão da igreja e que cometam pedofilia —ou abafem denúncias— respondam pelo crime.

    Peter Saunders, fundador de uma associação britânica antipedofilia e membro da comissão, disse que a responsabilização dos bispos foi uma das preocupações centrais do grupo. "Não é segredo que houve muitos acobertamentos, muitos religiosos que foram protegidos e transferidos de um lugar para o outro", disse, segundo a agência Catholic News Service

    Segundo o padre jesuíta Hans Zollner, a quantidade de bispos que desrespeitaram as normas do Vaticano voltadas à proteção de crianças não é grande, mas o fenômeno é muito prejudicial para a "imagem e autenticidade" da igreja. "Se há bispos que não seguem as normas da própria igreja, nós temos um problema."

    Segundo Zollner, atualmente os bispos não respondem a nenhuma autoridade, fora o próprio papa, o que dificulta as investigações sobre ações que desrespeitem as normas da igreja cometidas por eles.

    CRUZADA CONTRA A PEDOFILIA

    Na semana passada, o papa Francisco enviou uma carta aos bispos e líderes religiosos católicos de todo o mundo instruindo-os a nunca abafar escândalos de pedofilia de suas paróquias.

    Em setembro de 2014, ele destituiu o bispo paraguaio Rogelio Ricardo Livieres Plano, 69, acusado de proteger um padre suspeito de abuso sexual. No mesmo mês, o monsenhor Josef Wesolowski foi submetido à prisão domiciliar no Vaticano sob acusação de pedofilia.

    Nos últimos vinte anos, milhares de casos sobre abusos de crianças e adolescentes por padres vieram à tona, principalmente na Irlanda e nos Estados Unidos. O assunto continua, no entanto, a ser tabu em muitos países da África, Ásia e América Latina.

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