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    Família de Bachelet se envolve em escândalo sobre empréstimo bancário

    ROSALBA O'BRIEN
    DA REUTERS

    10/02/2015 17h09

    O governo chileno admitiu nesta semana que membros da família da presidente Michelle Bachelet receberam acesso privilegiado a um empréstimos bancário – uma revelação que ameaça minar a popularidade do governo e abalar a confiança dos chilenos, cansados de escândalos, nos políticos de seu país.

    Natalia Compagnon, a nora de Bachelet, obteve um empréstimo de cerca de US$ 10 milhões para adquirir terrenos em nome de uma companhia na qual ela detém participação de 50%, reportou a revista "Que Pasa" na semana passada.

    Compagnon fechou o empréstimo durante a campanha eleitoral de 2013, depois de uma reunião com Andronico Luksic, vice-presidente do Banco de Chile, controlado por sua família, e um dos homem mais ricos do país. Sebastian Davalos, filho de Bachelet e marido de Compagnon, participou da reunião.

    Os terrenos em questão agora estão sendo vendidos com lucro de cerca de três bilhões de pesos (US$ 4,79 milhões).

    Ainda que não exista indicação de que algo de ilegal tenha acontecido, as revelações causaram furor no Chile e deflagraram acusações da oposição no sentido de que Compagnon e Davalos teriam tirado vantagem da posição de sua família para obter crédito e ganhar dinheiro.

    O ministro interino das Finanças no governo de centro-esquerda, Alejandro Micco, disse em entrevista à rádio chilena ADN que "nada havia de irregular" no empréstimo, mas acrescentou: "Sem dúvida, nem todo mundo tem acesso ao presidente do banco".

    As revelações não ajudarão Bachelet, que já vem enfrentando dificuldades para promover sua agenda de reforma, ambiciosa e em certos aspectos controversa, ante um panorama de desaceleração na economia.

    A presidente, que está de férias por conta do recesso parlamentar de verão, não comentou o caso.

    Mas seu filho provavelmente terá de deixar seu posto como representante de Bachelet no comando de uma fundação de caridade, disse o analista político Pablo Salvat.

    "Isso vai afetar a popularidade de Bachelet? Provavelmente. Não devemos esquecer que vivemos um clima de inquietação generalizada e de descrédito das elites políticas", disse Salvat.

    Ainda que o Chile em geral seja encarado como país relativamente pouco corrupto, sob os padrões da América Latina, o novo caso surge logo depois de um escândalo relacionado a financiamento de campanha que prejudicou a popularidade da oposição de centro-direita.

    Os analistas dizem que a confiança nos grandes mercados, que recentes pesquisas mostram, estar em declínio, deve cair ainda mais.

    "Para os céticos, isso é confirmação da percepção ditada pelo senso comum, de que a infraestrutura ética é insuficiente e afeta a todos, o que solapa os valores institucionais e a credibilidade", disse o analista político Guillermo Holzmann.

    Tradução de PAULO MIGLIACCI

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