No terceiro dia de vigência, o cessar-fogo na Ucrânia parecia nesta terça-feira (17) prestes a desmoronar.
Pelo acordo, o Exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia deveriam começar a retirar seu armamento pesado de faixas de terra no leste do país.
Mas o que se viu foram confrontos na cidade de Debaltseve, onde cinco soldados do governo morreram e um número desconhecido foi feito prisioneiro. Nem mesmo a ONU sabe quantos civis permanecem lá.
Debaltseve tem importância estratégica porque é um entroncamento ferroviário a meio caminho entre Donetsk e Lugansk, que concentram as forças pró-russas.
A cidade fica justamente na intersecção entre as faixas definidas no acordo de cessar-fogo.
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Os rebeldes afirmam já ter começado a retirar seu armamento mais pesado da faixa definida pelo acordo, mas o governo ucraniano diz que só retirará seu equipamento quando cessarem completamente as hostilidades dos separatistas.
A Ucrânia acusa a Rússia de sabotar o processo de paz. "Esta escalada ameaça não apenas a integridade territorial e a soberania da Ucrânia mas também a segurança da Europa", disse à imprensa Valeri Chaly, um assessor da Presidência ucraniana.
"É um ataque cínico contra o acordo", disse o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, em conversa telefônica nesta terça-feira (17) com a chanceler alemã, Angela Merkel.
O pacto de cessar-fogo foi alinhavado pelos líderes da França e da Alemanha entre Poroshenko e o presidente russo, Vladimir Putin, na última quinta (12).
Em comunicado oficial, Poroshenko pede que a União Europeia e a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) condenem os rebeldes por violarem o cessar-fogo.
80% DOMINADO
Eduard Basurin, líder das tropas rebeldes no leste da Ucrânia, disse que os separatistas controlam mais de 80% da cidade. O governo ucraniano reconheceu que vários soldados foram emboscados e tomados como prisioneiros, mas insiste em dizer que perdeu o controle de apenas parte da cidade.
Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, disse em Genebra que a ONU ainda não conseguiu obter informações confiáveis sobre a situação dos não combatentes.
"Estamos muito preocupados com os civis presos na área. Acreditamos que deva haver alguns milhares escondidos em porões, com dificuldades para obter comida, água e outras necessidades básicas."
Os combates na Ucrânia já deixaram mais de 5.600 mortos e 1 milhão de desalojados, calcula a ONU.
O governo central ucraniano se alinha aos países do Ocidente, enquanto as regiões do leste têm maior afinidade com os russos e pretendem se manter na órbita política e militar de Moscou.