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    Procuradoria indicia prefeito de Caracas por suposta conspiração

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    21/02/2015 00h21

    Um dia após ser preso pelo serviço de inteligência, o prefeito metropolitano de Caracas e radical opositor, Antonio Ledezma, foi formalmente acusado pelo Ministério Público da Venezuela de conspirar contra o governo do presidente Nicolás Maduro.

    Críticos dizem que Maduro intensifica ataques à oposição para tentar desviar o foco dos problemas no país, que incluem tensões sociais e uma grave crise econômica.

    Segundo a mídia local, Ledezma responderá ao processo sob custódia e ficará no presídio militar de Ramo Verde, onde já se encontra, há um ano, outro conhecido opositor: Leopoldo López.

    Tanto Ledezma quanto López foram presos pelo suposto envolvimento com os protestos estudantis que estremeceram a Venezuela no primeiro semestre de 2014 e resultaram na morte de 43 pessoas, incluindo policiais.

    Em nota, o Ministério Público explica a captura de Ledezma alegando que ele está "supostamente envolvido em conspiração para organizar e executar atos violentos contra o governo democraticamente constituído".

    A ordem de prisão partiu de um juiz de Caracas e foi tachada de ilegal por muitos opositores, que protestaram nas ruas e promoveram um panelaço em várias cidades do país para exigir a libertação de Ledezma e a renúncia do esquerdista Maduro.

    O advogado de Ledezma, Omar Estacio, queixou-se do limbo em que as autoridades o deixaram: "Invadiram o escritório do prefeito [na quinta] e o prenderam sem mandado, o que é totalmente ilegal. Só fomos informados sete horas depois que havia uma ordem de captura, mas no fim do dia eu ainda não sabia quais eram as acusações".

    Na nota, o MP vincula Ledezma a cinco estudantes presos sob acusação de querer fomentar um golpe de Estado a mando do ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe (2002-2010), notório antiesquerdista e aliado dos EUA.

    Há meses o governo Maduro divulga gravações de áudio supostamente provando que os jovens tinham planos de atacar prédios públicos para semear o caos e criar ambiente propício a um golpe.

    De acordo com Maduro, a prova do envolvimento de Uribe é o fato de dois dos jovens terem sido detidos na Colômbia e extraditados para a Venezuela graças à facilitação do atual presidente, Juan Manuel Santos.

    'UNIÃO NACIONAL'

    Na noite de quinta, após a prisão de Ledezma, Maduro disse na TV que o opositor também participara do golpe de 2002, que derrubou por três dias o então presidente Hugo Chávez, e de suposta conspiração desbaratada na semana passada. "Ledezma pagará por todos os seus crimes", disse o presidente.

    O presidente também apresentou como suposta prova de golpismo um documento opositor divulgado na semana passada chamando os venezuelanos a apoiarem um governo de "união nacional".

    O documento foi assinado por Ledezma, López e pela deputada cassada Maria Corina Machado, tida como a mais radical opositora ao presidente venezuelano.

    Os três negam intenções conspiratórias, mas ostentam abertamente seus vínculos com a ala linha-dura do movimento estudantil, que vê protestos como a única maneira de fazer Maduro sair.

    A mulher de Ledezma transmitiu uma mensagem do marido instando os jovens a continuar protestando.

    A família de López disse ter informação de que o governo tem uma ordem de prisão contra María Corina, também por conspiração.

    "Podem vir, não tenho medo. A única coisa que me dá medo é a situação do país", disse a ex-deputada à Folha.

    Na manhã desta sexta, cerca de 300 pessoas participaram de ato em Caracas pela soltura de Ledezma e López e pela renúncia de Maduro.

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