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    Kirchner rompe silêncio e questiona passeata em homenagem a promotor

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    21/02/2015 14h27

    A presidente Cristina Kirchner se manifestou neste sábado (21), pela primeira vez, sobre as marchas que reuniram milhares de pessoas em Buenos Aires e em cidades do interior do país, na última quarta (18).

    Em sua página na internet, a presidente publicou um longo texto em que classificou a manifestação como opositora, atacou fortemente o Poder Judiciário e criticou a imprensa.

    Na visão de Cristina, com exceção da família do promotor Alberto Nisman, morto há pouco mais de um mês, os manifestantes que participaram do ato não tinham a intenção de homenageá-lo e, sim, defender uma posição contrária ao governo.

    "Foi possível ver ao vivo e a cores dirigentes políticos de oposição dando gargalhadas e também manifestantes carregando cartazes com dizeres ofensivos contra o governo", afirmou a presidente.

    Cristina também colocou em dúvida o número de pessoas que participaram do ato –cerca de 400 mil pessoas, segundo estimativa da polícia metropolitana da cidade, que é governada pela oposição. O número foi divulgado na mídia local e também na imprensa estrangeira.

    A presidente não apresentou uma estimativa própria, mas insinuou que outras manifestações, em 2008 e 2013, teriam reunido mais gente. Nas palavras de Cristina, a cifra de 400 mil pessoas é "pateticamente absurda e politicamente armada".

    Na última quarta (18), apesar de uma forte chuva, uma multidão de milhares de pessoas ocupou boa parte do centro da capital, desde o Congresso até a Praça de Maio (distantes em cerca de dois quilômetros), além de avenidas paralelas. Marchas simultâneas foram feitas em outras cidades do país, como Córdoba, Rosário e La Plata.

    Para a presidente, a tentativa de aumentar o número de participantes foi deliberada, com o intuito de dar respaldo ao que chamou de "partido do Poder Judiciário".

    "Definitivamente está aí o objetivo oculto e implícito da marcha: o 18 de fevereiro não é uma homenagem a um promotor morto, nem sequer um protesto insólito por Justiça, mas sim um batismo de fogo do Partido do Judiciário".

    Cristina fez uma série de críticas ao Judiciário, falando em "silêncio seletivo" em causas que, segundo ela, não foram solucionadas por falta de interesse.

    "É o Partido do Judiciário que não vai às eleições e que cujos membros não pagam impostos e têm suas funções e prerrogativas por uma vida. Digam-me se não têm vontade de ser juiz?", provocou.

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