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    Maduro promete provas de tentativa de golpe da oposição venezuelana

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    21/02/2015 22h38

    Após o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, ser preso sob acusação de conspirar contra o governo, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu mostrar na próxima semana evidências de planos golpistas da oposição com apoio externo.

    Críticos dizem que a detenção de Ledezma revela um esforço de Maduro para tentar desviar o foco da grave crise econômica e acirrar divisões da oposição antes da eleição parlamentar do segundo semestre.

    "Terça e quarta [24 e 25] mostrarei gravações e vídeos contundentes sobre o intervencionismo estrangeiro [e] o golpe de Estado que se queria aplicar", disse Maduro na sexta.

    Ledezma foi preso na quinta (19) e indiciado por conspiração e formação de quadrilha. No dia seguinte, um juiz acatou as acusações do Ministério Público (MP) e ordenou que o prefeito fosse levado a um presídio militar. A defesa nega as acusações e irá recorrer.

    O MP afirma que Ledezma tem ligação com estudantes presos por incitar os protestos antigoverno de 2014, nos quais 43 pessoas morreram. O governo divulgou vídeos que supostamente provam que os jovens agiram sob ordens da direita colombiana.

    Até agora, porém, não foram apresentadas evidências contra Ledezma.

    RACHA NA OPOSIÇÃO

    A prisão de Ledezma e de outros opositores, como Leopoldo López, também pelos protestos de 2004, é uma maneira de jogar com as debilidades da oposição, segundo o cientista político Fernando Mires.

    "[A ideia é] provocar e acentuar o racha opositor entre os que sustentam a ideia que, diante de um governo como o de Maduro, não pode haver saída eleitoral e os que afirmam que as eleições são a única via para derrotar o governo", escreveu no site opositor Prodavinci.

    Ledezma forma a ala opositora radical, ao lado de López e da deputada cassada Maria Corina Machado, também acusada de golpismo.

    Eles argumentam que a eleição parlamentar é incerta (o pleito estava previsto para dezembro, mas o governo cogita antecipá-la ou adiá-la) e que a presidencial de 2019 está longe demais.

    Ledezma, Machado e López dizem que a única solução para a crise, que inclui inflação de 68%, desabastecimento e alta criminalidade, é a saída de Maduro.

    Para atingir esse objetivo, defendem a continuação dos protestos, apesar das mortes já ocasionadas.

    Na sexta, a mulher de prefeito, Mitzy de Capriles, divulgou mensagem que o marido enviou a simpatizantes: "Antonio pede que não abandonemos as ruas".

    Maduro considera que os protestos são uma maneira de semear o caos para derrubar o governo. O presidente foi à TV na semana passada para dizer que uma recente carta assinada por Ledezma, Machado e López pedindo apoio a um governo de "união nacional", prova intenções golpistas.

    O presidente lembra que a oposição já se mostrou capaz de um golpe quando, em 2002, derrubou o então presidente Hugo Chávez, que retomou o poder em três dias.

    A ala mais moderada da oposição é comandada pelo governador do Estado de Miranda, Henrique Capriles, que já concorreu duas vezes à Presidência. Ele diz que a rejeição a Maduro (78%) se traduzirá em derrota governista nas urnas. Capriles defende que governos que usam meios inconstitucionais para chegar ao poder têm vida curta.

    Capriles não apareceu em recentes eventos de apoio a López e Ledezma.

    Próximo de Capriles, o secretário-geral da coalizão MUD, Jesus Torrealba, disse na sexta-feira que as primárias para definir candidatos ao pleito parlamentar será em 3 de maio. O anúncio é visto como resposta institucional à pressão autoritária do governo.

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