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    Manifestantes protestam contra morte de adolescente em ato na Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    25/02/2015 14h13

    Violentos protestos irromperam nesta quarta-feira (25) pela Venezuela em repúdio à morte do adolescente Kluyberth Roa, 14, baleado na cabeça, no dia anterior, por um policial em San Cristóbal, oeste do país.

    Manifestantes exigiram a abolição da resolução 8.610, adotada no mês passado pelo governo, que autoriza forças de segurança a usar armas letais para reprimir protestos que considerarem violentos.

    A defensoria do povo, espécie de ouvidoria do governo, insiste em que Roa foi morto com uma bala de escopeta de borracha, mas admitiu que o material não deve ser usado em manifestações públicas.

    Reuters
    Kluiverth Roa é carregado após ser atingido durante protesto em San Cristóbal
    Kluiverth Roa é carregado após ser atingido durante protesto em San Cristóbal

    A polícia disse que o autor presumido do disparo confessou ter perseguido e encurralado Kluyberth antes de atirar, corroborando a tese de uma morte a queima-roupa.

    No interior do Estado de Táchira (cuja capital é San Cristóbal), encapuzados sequestraram um caminhão de gasolina e o incendiaram. Bombeiros impediram que o caminhão explodisse.

    Em Maracaibo (oeste), jovens também encapuzados atearam fogo em um caminhão que transportava medicamentos. Houve confrontos entre policiais e jovens que haviam montado barricadas de pneu e lixo queimado para fechar avenidas. Dezenas foram presos.

    "Foi o dia mais tenso desde os protestos do ano passado", relatou à Folha um morador. Ele se referia à onda de revoltas estudantis antigoverno que estremeceu várias cidades no primeiro semestre de 2014 e resultou na morte de 43 pessoas, incluindo policiais.

    Em Mérida (sudoeste), ao menos cinco estudantes ficaram feridos em confrontos com a polícia.

    Em Caracas, dezenas de jovens se reuniram em frente ao Ministério do Interior, Justiça e Paz para exigir a anulação da resolução 8.610. Acabaram recebidos rapidamente pelo vice-ministro.

    "[Esta] resolução é uma infâmia que ontem manchou de sangue [o Estado de] Táchira", disse o líder estudantil Hasler Iglesias.

    Críticos alegam que o texto viola o artigo 68 da Constituição, que bane o uso de armas de fogo em protestos.

    Após admitir inicialmente que o incidente foi um erro policial, o presidente Nicolás Maduro disse que os protestos desta quarta foram atos de "terrorismo". Ele afirmou que estrangeiros a serviço da oposição estão semeando caos na Venezuela para derrubar o governo.

    "A partir da Colômbia estão tentando infiltrar um grupo de paramilitares vestidos de civis [nos Estados de] Zulia, Táchira e Apure", disse. Maduro vem intensificando denúncias de um suposto complô opositor apoiado pela direita colombiana e pelos EUA.

    Sob este pretexto, a Justiça prendeu vários opositores acusados de ter instigado os protestos de 2014 para derrubar o governo, como o prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, e o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López.

    Na semana passada, o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, também foi detido sob acusação de conspiração.

    MISSÃO DO SENADO

    O Senado brasileiro aprovou na quarta a criação de uma comissão para visitar a Venezuela e estabelecer diálogo com lideranças do governo e da oposição. A missão, ainda sem data, será formada por senadores do PMDB, PR, PSDB e PTB.

    Já a Câmara condenou a quebra do "princípio democrático, com ofensa às liberdades individuais e ao devido processo legal" pelo governo de Maduro.

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