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    Opositor venezuelano diz que governo forja provas sobre conspiração

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    27/02/2015 02h00

    Acusado de tramar um golpe de Estado na Venezuela, o chefe do partido opositor Copei em Caracas, Antonio Eccari, disse nesta quinta (26) à Folha que as supostas provas apresentadas pelo governo são uma armação.

    Na quarta, o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, divulgou em seu programa de TV gravações telefônicas que, segundo ele, evidenciam a participação do Copei em planos conspiratórios.

    "Isso não tem sentido. É evidente que os áudios foram editados e manipulados", disse Eccari, por telefone.

    "Este episódio mostra o tipo de ações criminosas que nossos governantes são capazes de fazer", afirmou.

    Eccari disse que não imaginava ser citado no programa semanal "Con el mazo dando" (batendo com o porrete), no qual Cabello costuma atacar rivais do governo.

    Nas gravações, a voz atribuída a Eccari dialoga com alguém identificado como o presidente nacional do Copei, Roberto Enriquez.

    Eles falam sobre a adesão do Copei ao "acordo pela transição", apelo de setores da oposição para exigir a renúncia de Nicolás Maduro.

    No áudio, o homem tido como Eccari diz que era contra o acordo, mas acabou cedendo. "Se você vai abandonar o terreno eleitoral abertamente e vai chamar um golpe de Estado, então está bem, é um caminho", afirma a voz.

    O programa também trouxe imagens do que seriam explosivos apreendidos em um prédio do Copei invadido nesta semana por civis e grupos armados leais ao governo.

    O Copei ameaça processar Cabello por difamação.

    Segundo Cabello, porém, não há dúvida de que o Copei participa de constantes esforços de sabotagem orquestrados pela "maioria da oposição" com apoio externo.

    O tema da conspiração, recorrente no chavismo, ganhou destaque há duas semanas quando Maduro disse que seu governo havia desbaratado um plano para bombardear o palácio presidencial.

    Dias depois, o serviço de inteligência prendeu o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, e o acusou de envolvimento com os protestos antigoverno de 2014, que deixaram 43 mortos.

    O governo alega que o verdadeiro objetivo das manifestações era gerar um caos propício para um golpe.

    Maduro disse que os recentes protestos são uma tentativa de relançar a conspiração e prometeu apresentar novas provas de golpismo.

    Na terça (24), um adolescente de 14 anos foi morto por um disparo da polícia em um protesto em San Cristóbal.

    O governo prendeu o autor do tiro, mas insiste em que o rapaz não teria sido morto se não houvesse protesto.

    Em meio ao acirramento da tensão política e a uma grave crise econômica, o presidente da vizinha Colômbia, Juan Manuel Santos, se ofereceu para mediar eventual diálogo entre Maduro e a oposição.
    encontro

    Durante viagem ao Uruguai neste fim de semana, para a posse do presidente Tabaré Vázquez, a presidente Dilma Rousseff deve ter um novo encontro com o vice-presidente dos EUA, Joe Biden, como revelou o jornal "O Estado de S. Paulo".

    A situação venezuelana deve figurar em destaque na pauta do encontro.

    Colaborou Brasília

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