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    Juiz que rejeitou denúncia de Nisman diz que governo não burlou caso Amia

    DE SÃO PAULO
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    27/02/2015 10h58

    O juiz federal argentino Daniel Rafecas —que na quinta (26) rejeitou a denúncia do promotor Alberto Nisman, morto em janeiro, contra a presidente Cristina Kirchner— disse que não há indícios de que o governo argentino tenha tentado encobrir o caso Amia. Ele concedeu entrevistas ao canal de TV C5N nesta sexta (27) e à agência Reuters na quinta (26).

    Para ele, o governo esgotou todas as instâncias da investigação do ataque a Amia.

    As duas principais hipóteses de acobertamento delineadas por Nisman em sua denúncia, disse o juiz, foram refutadas por documentos. "A prova apresentada ao tribunal é exatamente o oposto do que Nisman sustentava. Assim, decidi que não é possível abrir uma investigação criminal."

    "Os mandatos de prisão nunca estiveram em risco. O governo sempre foi firme e consistente em manter essas ordens", afirmou. O Ministério Público acusava o governo de ter pedido à Interpol (polícia internacional) que suspendesse o mandato de prisão dos iranianos.

    Sobre a decisão que tomou na quinta, Rafecas disse que "ninguém, nem de um lado nem de outro, se aproximou para fazer ingerências ou para pressionar".

    editoria de arte/folhapress

    Nisman acusara Cristina, o chanceler Héctor Timerman e outros governistas de acobertar os oito iranianos acusados pelo ataque à entidade judaica Amia, que deixou 85 mortos em 1994, em troca de aumento do comércio entre o Irã e a Argentina –Teerã sempre negou seu envolvimento.

    Após a morte de Nisman, o pedido de investigação penal da presidente foi formalizado por um novo promotor, Gerardo Pollicita.

    O Ministério Público deve recorrer da decisão de Rafecas.

    MORTE MISTERIOSA

    Nisman, 51, foi achado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento de Buenos Aires, horas antes de audiência no Congresso onde falaria sobre sua denúncia.

    Os investigadores ainda tentam determinar se o promotor foi morto ou cometeu suicídio. Inicialmente, Cristina sugeriu que ele se matara, mas depois recuou dizendo suspeitar de assassinato e sugeriu que o incidente visava desestabilizar seu governo.

    Pesquisas mostram que muitos argentinos suspeitam do envolvimento de autoridades na morte do promotor. Na semana passada, 400 mil pessoas marcharam por Buenos Aires reivindicando respostas no caso. O protesto foi criticado por governistas.

    Além da crise política a oito meses da eleição presidencial –na qual Cristina não concorre–, o episódio provocou a reformulação da agência de espionagem do país.

    A presidente sugeriu que o promotor teria sido manipulado por agentes descontentes e pressionou por uma lei para reformar o serviço de inteligência, aprovada no Congresso nesta quinta-feira.

    Acusado pelo governo de oferecer provas falsas a Nisman, o ex-agente de inteligência Antonio "Jaime" Stiuso saiu do país para proteger sua família depois de receber ameaças, declarou seu advogado, Santiago Bermúdez.

    Bermúdez também negou outra acusação do governo a Stiuso, por contrabando, e afirmou que o Poder Executivo encabeça uma "campanha feroz" contra o ex-espião.

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