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    Ativistas uruguaios descartam recuo de Tabaré sobre maconha

    MARIANA CARNEIRO
    ENVIADA ESPECIAL A MONTEVIDÉU

    01/03/2015 02h00

    Ativistas da legalização da maconha não acreditam que Tabaré Vázquez volte atrás na medida que transformou o Uruguai no primeiro país do mundo onde o consumo, a produção e a venda da erva são regulados pelo Estado.

    Desde o fim de 2013, quando a primeira lei foi aprovada, o Uruguai já definiu as regras para o plantio doméstico e também para os agricultores com fins industriais (da fibra de cânhamo).

    Em fevereiro, um decreto deu largada à etapa mais polêmica: a venda, que será feita em farmácias, com produção controlada pelo governo.

    A previsão inicial era que o comércio começasse no fim de 2014, mas dificuldades na fixação de controles e de segurança na colheita atrasaram o cronograma.

    A primeira safra, agora prevista para julho, será plantada em um prédio cedido pelo governo em Montevidéu. Os agricultores, porém, ainda não foram escolhidos.

    Andres Stapff/Reuters
    Os produtores Laura Blanco (esq.) e Juan Vaz trabalham em cultivo de maconha em Montevidéu
    Os produtores Laura Blanco (esq.) e Juan Vaz trabalham em cultivo de maconha em Montevidéu

    Para Juan Vaz, um dos mais famosos militantes da causa no Uruguai e dono da Grow Shop, que vende equipamentos e produtos para cultivadores, o prazo é curto e não deverá ser cumprido.

    "Apesar de Mujica ter destrancado o tema, o fato é que a ideia e a filosofia da lei já existiam. Ele foi valente em assumir o custo político, mas também foi muito inteligente em capitalizá-lo", afirma.

    Martín Collazzo, da ONG Proderechos, diz que Tabaré não é afeito ao tema, mas tampouco prevê retrocesso. "É melhor fazer do que não fazer", afirma.

    Em sua opinião, voltar atrás poderia ter um custo político relevante para o presidente. "Essa agenda de direitos foi imposta por uma geração. Retroceder é se colocar em conflito", diz ele.

    Para Mariana Pomies, da consultoria Cifra, Tabaré pode não mexer na lei, mas pode demonstrar pouco interesse em acelerar sua aplicação.

    Com a maioria da população uruguaia contrária à lei, segundo pesquisas do próprio Cifra, o custo político não seria tão elevado.

    "Se ele trava a lei, não vai ter oposição na opinião pública. Ainda não está claro o que ele vai fazer, mas está claro que sua mão não vai tremer se tiver que vetá-la", disse.

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