• Mundo

    Saturday, 04-May-2024 19:42:55 -03

    Comissão da ONU culpa Rússia por alimentar conflito no leste da Ucrânia

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    02/03/2015 11h28

    O fluxo de armamento pesado e tropas vindo da Rússia é apontado pela Comissão de Direitos Humanos da ONU como uma das principais causas para a intensificação e a mortalidade do conflito no leste da Ucrânia.

    Em relatório divulgado nesta segunda-feira (2), a entidade estima que mais de 6.000 pessoas morreram desde abril, quando começaram os enfrentamentos. Destas, 842 foram mortas entre meados de janeiro e meados de fevereiro deste ano.

    John MacDougall/AFP
    Refugiados de Debaltseve, no leste da Ucrânia, recebem comida de voluntários em praça da cidade
    Refugiados de Debaltseve, no leste da Ucrânia, recebem comida de voluntários em praça da cidade

    Para a comissão, há informações confiáveis de que houve um fluxo contínuo de armamento sofisticado e combatentes vindos de outros países saindo do território russo para as regiões de Donetsk e Lugansk, principais palcos do conflito.

    "Isso alimentou a escalada do conflito e as novas ofensivas de grupos armados, minando o potencial para a paz enquanto os grupos armados estenderam suas áreas de controle. Isso levou a um aumento significante das mortes militares e civis".

    O vice-secretário-geral da comissão da ONU, Ivan Simonovic, disse que o conflito poderá ganhar proporções internacionais se os separatistas pró-Rússia tentarem dominar a cidade de Mariupol, controlada pelo governo ucraniano.

    Desde o início da retirada das tropas da região, na semana passada, as autoridades de Kiev acusam os separatistas de tentar reagrupar seus homens e seus armamentos para tentar dominar a cidade, o que é negado pelos rebeldes.

    Em 18 de fevereiro, os separatistas tomaram o controle de Debaltseve, cidade que era dominada pelo governo, apesar do início do cessar-fogo acertado no dia 12 em um acordo mediado por Rússia, Alemanha e França.

    Gleb Garanich/Reuters
    Tanques do Exército ucraniano percorrem estrada em Artemivsk, no leste da Ucrânia, nesta segunda
    Tanques do Exército ucraniano percorrem estrada em Artemivsk, no leste da Ucrânia, nesta segunda

    RESTRIÇÕES

    A comissão também critica o governo ucraniano por impor restrições de viagem aos civis de Donetsk e Lugansk, dificultando a saída da zona de conflito. Ambos os lados também foram criticados por manter civis presos sem acusações.

    O relatório é divulgado horas antes de uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, e o secretário de Estado americano, John Kerry, na qual a crise na Ucrânia será o principal assunto.

    Em entrevista coletiva, Kerry afirmou ter pressionado Lavrov a forçar os separatistas a aceitar o cessar-fogo, sob a ameaça de ampliar as sanções contra a economia russa, e pediu a aplicação da trégua.

    "Se isso não acontece, se continuamos a manter esses padrões de não cumprimento, serão inevitáveis as consequências contra a já combalida economia russa", disse.

    Por outro lado, o chanceler russo pediu que as autoridades ucranianas que levantem o bloqueio econômico e de pessoas ao leste do país e se distancie do que chamou de "extremistas ocidentais".

    Nesta terça, o Exército da Ucrânia disse que os rebeldes continuam a receber armas da Rússia e que violaram o cessar-fogo 32 vezes na última semana e que um soldado morreu nas últimas 24 horas em territórios dominados por separatistas.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024