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    Maduro mostra na TV venezuelana supostas provas de golpe de Estado

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    04/03/2015 00h57

    O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apresentou na noite desta terça-feira (3), em seu programa semanal na televisão, supostas novas provas de um recém-desbaratado golpe de Estado que seria orquestrado por setores da oposição direitista com apoio dos EUA.

    A suposta evidência é uma gravação de áudio na qual um oficial dissidente das Forças Armadas venezuelanas radicado nos EUA dita a um interlocutor em Caracas um texto que serviria como comunicado oficial dos conspiradores no momento de anunciar ao país a tomada do poder.

    28.fev.2015 - Xinhua
    Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acena para partidários em evento no sábado
    Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acena para partidários em evento no sábado

    O oficial venezuelano é identificado como Carlos Osuna Saraco, militar da reserva que teria sido um próximo colaborador do presidente Jaime Lusinchi (1984-1989).

    A conversa, segundo disse o presidente no programa "Contato com Maduro", ocorreu no último dia 7 de janeiro e foi interceptada por um jovem oficial "patriota cooperante", que a denunciou ao comando militar.

    Na gravação, o homem apresentado como Osuna Saraco convoca a população venezuelana e o alto comando militar do país, incluindo o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, e a ministra do Interior, Justiça e Paz, almirante Carmen Meléndez, a apoiarem um "movimento" para derrubar o governo de Maduro.

    O objetivo, segundo a voz atribuída a Osuna Saraco, é restaurar a democracia e a justiça e formar um novo governo.

    O conspirador, segundo o presidente, ameaça usar força militar contra os grupos de civis armados chavistas conhecidos como "coletivos" e exige que os trabalhadores cubanos a serviço do governo se apresentem às novas autoridades.

    Maduro disse que se trata do mesmo golpe recém-denunciado, pelo qual protestos de rua fomentados pela oposição semeariam o caos no país antes de aviões do tipo Tucano -fabricados pela brasileira Embraer- atacarem alvos em Caracas para matar Maduro.

    Maduro afirmou que o número de telefone americano atribuído a Osuna Saraco teve reiterados contatos com o celular do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma.

    Ledezma foi preso há duas semanas sob acusação de conspiração para derrubar o governo durante os protestos estudantis do ano passado.

    O presidente venezuelano disse que pedirá aos EUA a extradição de Osuna Saraco.

    Embora cerca de 80 supostos golpes tenham sido denunciados por Maduro e por seu antecessor, Hugo Chávez, nos últimos 16 anos, as acusações se intensificaram desde o início deste ano.

    Críticos do governo afirmam que Maduro tenta desviar o foco da grave crise econômica e usa o pretexto da conspiração para prender opositores.

    LAÇOS COM EUA

    Em meio à deterioração dos laços com os EUA, Maduro disse que não se considera "antiamericano, mas anti-imperialista."

    No fim de semana, ele ordenou redução de 100 para 17 no número de funcionários diplomáticos americanos autorizados a trabalhar na Venezuela e disse que cidadãos dos EUA precisarão de visto para entrar no país.

    Foi uma aparente resposta a sanções financeiras recém-adotadas por Washington contra altos funcionários venezuelanos.

    Os dois países não são representados em nível de embaixador desde 2010.

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