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    Em anúncio, governo argentino contesta acusação de promotor

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    05/03/2015 00h33

    Numa nova tentativa de desqualificar as acusações do promotor Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro, contra a presidente Cristina Kirchner, o governo argentino publicou, nesta quarta (4), nos principais jornais do país, um anúncio em que ressalta contradições na denúncia.

    "Cabe perguntar qual objetivo perseguia o promotor Nisman com sua denúncia repleta de contradições, carência lógica e sustentação jurídica. Pode-se pensar numa hipótese que não seja gerar um efeito político desestabilizador?", diz a nota, intitulada "Compromisso, verdade e justiça".

    A versão do governo é que foi firmado um acordo com Teerã, em 2013, para tentar interrogar os suspeitos no Irã.

    "[O memorando] colocaria o Estado argentino em um melhor contexto frente ao Irã e à comunidade internacional para exigir a extradição ou ao menos negociar um julgamento [dos suspeitos] em um terceiro país", afirma o anúncio.

    A Justiça iraniana vetou o acordo, porque não considerava os iranianos citados suspeitos. Na Argentina, a tratativa foi vista com desconfiança pela comunidade judaica.

    Se não teria êxito em interrogar os suspeitos, quais vantagens teria a Argentina em fazer um acordo com o Irã? Nisman alegava que haveria uma suposta vantagem econômica, o que o governo nega.

    RECURSO

    Também nesta quarta o promotor que substituiu Nisman, Gerardo Pollicita, apresentou recurso contra a decisão da Justiça de interromper a apuração. Agora, a Justiça terá que apreciar novamente o seu pedido.

    Ele argumenta que a decisão de suspender a investigação é prematura e que é preciso esgotar todas as suspeitas antes de encerrar o caso.

    Pollicita assumiu a denúncia de Nisman, que apareceu morto dias depois de acusar a presidente e aliados de tentar proteger iranianos suspeitos pelo atentado à entidade judaica Amia, em 1994. Em troca, a Argentina poderia comprar petróleo mais barato e vender grãos.

    A Justiça havia rejeitado a investigação, alegando que o principal indício de delito -a suposta tentativa de retirar os alertas vermelhos dos iranianos na Interpol- não ocorreu.

    "Uma hipótese criminal de inusitada gravidade e transcendência institucional, como a apresentada pelo doutor Nisman, demanda a realização de todos os esforços possíveis para tentar alcançar a verdade", afirmou Pollicita.

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