• Mundo

    Sunday, 19-May-2024 10:48:19 -03

    Última doente infectada pelo vírus ebola tem alta na Libéria

    PATRÍCIA CAMPOS MELLO
    DE SÃO PAULO

    05/03/2015 20h45 - Atualizado às 21h24

    O último paciente com o vírus ebola na Libéria recebeu alta nesta quinta (5). Com isso, o país do oeste africano, que registrou o maior número de mortes em razão da epidemia (4.117), não tem mais doente em tratamento.

    Se dentro de 42 dias (duas vezes o período máximo de incubação do ebola) não houver nenhum caso novo, a epidemia na Libéria terá oficialmente acabado.

    A professora Beatrice Yardolo, 58, foi liberada nesta quinta de um centro de tratamento administrado pelo governo chinês na capital, Monróvia. "Meu tratamento foi tão intensivo que hoje eu estou aqui, de pé, e sou muito grata", disse ela, em meio a comemorações. Três dos cinco filhos de Yardolo morreram da doença. Ela contraiu ebola ao cuidar da filha infectada e foi internada no dia 18 de fevereiro.

    Mas especialistas advertem que é cedo para comemorar. Segundo o Ministério da Saúde da Libéria, nenhum novo caso foi registrado nos últimos 13 dias. Mas 214 pessoas estão sendo monitoradas por causa de possível exposição ao vírus.

    "Isso não significa que o ebola acabou na Libéria", disse Tolbert Nyenswah, vice-ministro da Saúde do país. "Mas sabemos que 13 de nossos 15 condados passaram 42 dias sem casos."

    No restante da região, há outros sinais encorajadores de que a epidemia está aos poucos sendo controlada.

    Os vizinhos Serra Leoa e Guiné continuam registrando novos casos, mas o ritmo de infecção é 10% do que há seis meses.

    O ebola é transmitido por meio do contato com fluidos corporais (sangue, suor, fezes). Desde o início da epidemia, no ano passado, 23.983 pessoas foram contaminadas e 9.823 morreram.

    O maior número de casos ocorreu em Serra Leoa (11.497, com 3.565 mortes), Libéria (9.249 casos, 4.117 mortes) e Guiné (3.237 casos, sendo 2.141 mortes).

    ZERO

    "A próxima fase da luta contra o ebola, chegar a zero casos, é a parte mais difícil", disse à Folha Joanne Liu, presidente do Médicos Sem Fronteiras, organização que administra centros de tratamento.

    "Com a redução no número de casos, corremos o risco de perder o sentimento de urgência para desenvolver vacinas e remédios."

    Segundo Joanne, a comunidade internacional foi muito lenta em sua resposta à epidemia. "Se tivéssemos nos organizado melhor, poderíamos ter evitado a tragédia; foi um fracasso coletivo."

    A presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, afirmou que os países afetados pelo ebola precisam de um Plano Marshall, referindo-se ao programa de reconstrução da Europa depois da Segunda Guerra Mundial.

    Segundo o Banco Mundial, houve perda de US$ 1,6 bilhão no PIB de Libéria, Serra Leoa e Guiné por causa da epidemia. Doadores internacionais prometeram quase US$ 5 bilhões aos países afetados, mas muito pouco dessa promessa se concretizou.

    Também nesta quinta, a Organização Mundial da Saúde anunciou que o último estágio de testes de uma vacina experimental contra o ebola será iniciado neste sábado (7). Se for eficaz, será a primeira droga para prevenção.


    Com agências de notícias

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024