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    Brasil quer foco sobre eleições na Venezuela

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO
    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    06/03/2015 02h09

    Um dos três países que integram a missão da Unasul enviada a Caracas, o Brasil defende que a estratégia do bloco na Venezuela seja tentar "baixar a temperatura" para garantir a realização das eleições legislativas do país, previstas para o segundo semestre deste ano. O temor é que, em meio à crise política, o governo acabe adiando o pleito.

    O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, chegou quinta (5) à noite a Caracas e deve se reunir nesta sexta (6) com o presidente Nicolás Maduro junto com os colegas María Ángela Holguín (Colômbia) e Ricardo Patiño (Equador), além do secretário-geral da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), Ernesto Samper.

    O grupo também terá encontros com líderes opositores, como o secretário-geral da oposicionista Mesa da Unidade Democrática, Jesus Torrealba, e o deputado Julio Borges, que está sob ameaça de ser cassado e preso também por golpismo.

    À Folha familiares de dois opositores presos –o prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e o ex-prefeito de Chacao Leopoldo López– disseram ter intenção de se encontrar com o grupo de chanceleres.

    Na quarta (4), Torrealba disse à reportagem que a comissão seria convidada a visitar os líderes no presídio de Ramo Verde.

    A deputada cassada María Corina Machado chegou a condicionar sua participação num eventual diálogo à ida do grupo à prisão.

    Mas é pouco provável que os chanceleres aceitem o convite, que desagradaria Maduro, já que seu objetivo é abrir um canal de diálogo entre governo e oposição e garantir a realização da eleição em 2015.

    "Se você transfere a disputa política para o Legislativo, acalma as ruas", disse um funcionário do governo brasileiro à Folha.

    Nos bastidores, a avaliação do governo brasileiro é que a situação no país recrudesceu após a prisão de Ledezma, a invasão da sede da sigla de oposição Copei (centro-direita) e a morte de um jovem por um policial em um protesto.

    A presidente Dilma Rousseff, no entanto, tem sido alvo de pressão da oposição brasileira por não se pronunciar sobre a crise no país vizinho.

    Para Milos Alcalay, ex-embaixador no Brasil (1997-2001), hoje ligado à oposição, é preciso que o grupo se reúna com os familiares de López e Ledezma. "A Unasul precisa decidir se age como um clube de amigos do Maduro ou se defende o cumprimento de sua Carta democrática."

    Ele destaca contradições na própria missão da Unasul. "O Equador diz que defende Maduro contra o tal golpe, a Colômbia emitiu declarações muito fortes contra a prisão de Ledezma, e o Brasil parece agora estar percebendo a gravidade da situação."

    Nesta quinta, dia em que a Venezuela lembrou dois anos da morte de Hugo Chávez, Maduro participou de um evento no centro de Caracas e visitou o mausoléu do líder.

    Ele chamou de "estúpida" a agência espanhola de notícias Efe por publicar análises sobre um possível golpe de esquerda para suspender as eleições na Venezuela.

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