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    Perícia paralela da morte de promotor levanta suspeitas sobre assistente

    MARIANA CARNEIRO
    DE BUENOS AIRES

    06/03/2015 14h25

    Depois de a ex-mulher do promotor argentino encontrado morto em janeiro, Alberto Nisman, apresentar as conclusões de uma perícia paralela, todas as atenções se voltaram para o técnico em informática Diego Lagomarsino, que trabalhava como assistente do promotor.

    Lagomarsino admitiu ter emprestado a Nisman a pistola que efetuou o disparo e disse que esteve com ele duas vezes no sábado, um dia antes de o promotor ser encontrado morto.

    A versão de Lagomarsino é de que esteve com Nisman ao anoitecer, mas não especificou o horário do encontro.

    Marcos Brindicci - 29.mai.2013/Reuters
    O promotor argentino Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro
    O promotor argentino Alberto Nisman, encontrado morto em janeiro

    A perícia paralela encomendada pela ex-mulher de Nisman, Sandra Arroyo Salgado, concluiu que o promotor provavelmente morreu entre 16h e meia-noite de sábado. A investigação oficial apontava que sua morte teria ocorrido no domingo, por volta do meio-dia.

    Em entrevista nesta sexta-feira (6), o novo chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Aníbal Fernández, citou Lagomarsino.

    "É a hora em que Lagomarsino estava no apartamento [do promotor]", disse ele, referindo-se à provável hora da morte. "A defesa de Lagomarsino deve estar extremamente preocupada com o que disse Arroyo Salgado".

    A defesa do técnico em informática não se pronunciou.

    Fernández ressaltou que o governo tem interesse na solução do caso mas não participa da investigação. Ainda assim, o chefe de gabinete voltou a especular sobre a hipótese de assassinato.

    "Se foi um homicídio, tem que ter sido uma pessoa de conhecimento de Nisman", disse ele, lembrando que a investigação oficial afirma que o corpo do promotor não apresentava sinais de luta.

    "Não é provável que um assassino, um matador contratado, vá à casa de uma pessoa que não conhece para matá-la e use uma pistola que não lhe pertence, e que não sabe onde está e se funciona", acrescentou.

    Nisman foi encontrado morto no dia 18 de janeiro, em seu apartamento em Buenos Aires. No dia seguinte, o promotor do caso AMIA apresentaria uma denúncia contra Cristina Kirchner e aliados sobre um suposto plano de encobrimento dos suspeitos de um atentado a um centro judaico em 1994.

    OUTRO LADO

    O advogado Maximiliano Rusconi, que defende Lagomarsino, criticou a perícia paralela conduzida por Arroyo Salgado. "Lamentavelmente, o que aconteceu ontem [quinta, 5] não é o mais saudável para uma investigação", disse em entrevista à uma rádio local.

    Segundo ele, a promotoria conduz uma apuração oficial do caso, com peritos próprios, o que dá transparência às partes. "Normalmente a produção de informações se dá nesse expediente e isso lhe dá transparência", disse. "Não conhecemos os fundamentos que estão por trás dessas conclusões [da perícia apresentada por Arroyo Salgado]."

    Segundo Rusconi, há informações no inquérito de que o computador de Nisman foi utilizado na manhã de domingo, com uma navegação aparentemente similar à habitualmente feita pelo promotor. Ele acrescentou que a ex-mulher de Nisman sabe dessa informação, que segundo ele é oficial.

    O advogado revelou que o computador de Nisman foi usado às 8h de domingo. O usuário leu jornais e entrou no e-mail de Nisman, o que segundo Rusconi parece ser uma navegação padrão do promotor.

    Ele disse que Lagomarsino foi o que mais deu informações ao caso até agora e que mantém a mesma versão.

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