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    Países vizinhos distribuirão produtos básicos na Venezuela

    SAMY ADGHIRNI
    DE CARACAS

    07/03/2015 00h24

    A delegação da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) enviada a Caracas para mediar a crise na Venezuela anunciou nesta sexta (6) que o bloco criará "redes regionais de apoio" para a distribuição de certos produtos básicos para a Venezuela.

    O apelo indica que o bloco regional, frequentemente acusado de leniência com o governo venezuelano, reconhece a gravidade da escassez de itens como leite, carne e açúcar, além de material de higiene pessoal e remédios.

    "Trabalharemos com as autoridades da Venezuela para fortalecer as cadeias de distribuição de nossos países para que reforcem as que existem na Venezuela", disse o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, após reunião com Maduro.

    Efe
    Presidente Nicolás Maduro se reúne com membros da Unasul no Palácio de Miraflores, em Caracas
    Presidente Nicolás Maduro se reúne com membros da Unasul no Palácio de Miraflores, em Caracas

    Samper chefiou a delegação formada pelos chanceleres Mauro Vieira (Brasil), María Ángela Holguín (Colômbia) e Ricardo Patiño (Equador).

    Horas depois, Samper disse à Folha que o plano consiste em aprimorar a logística das redes de abastecimento e incrementar importação de alimentos. "O Brasil, como grande fornecedor da Venezuela, tem um papel muito importante nesse projeto, assim como outros países da Unasul", disse o secretário-geral.

    Em 2014, o Brasil exportou US$ 225 milhões para a Venezuela, queda de 7% com relação ao ano anterior. A corrente bilateral de comércio foi de US$ 454 milhões, queda de 5,6% sobre 2013.

    Samper não culpou o governo Maduro pela crise do abastecimento, apesar de a maioria dos economistas atribuir a escassez a distorções como controle de câmbio e de preço impostas pelo governo.

    Para o secretário-geral, a dificuldade é causada pela acumulação de estoques de comida por empresários e por uma "questão psicológica" que "leva pessoas a comprarem mais do que precisam."

    O posicionamento de Samper aparenta corroborar a tese do Maduro de que empresários travam uma "guerra econômica e psicológica".

    Setores da oposição fizeram críticas à visita da Unasul, a quem acusaram de legitimar o governo em vez de pressioná-lo a respeitar liberdades e soltar o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, e o ex-prefeito de Chacao, Leopoldo López, presos sob acusação de querer um golpe de Estado.

    A deputada cassada Maria Corina Machado condenou os chanceleres e Samper por se recusarem a ir até a prisão militar onde estão presos Ledezma e López.

    O secretário-geral da coalizão Mesa da Unidade Democrática, Jesus Torrealba, queixou-se de ter sido barrado do encontro promovido pela Igreja Católica entre a missão da Unasul e a oposição. Torrealba havia dito à reportagem, na quarta, que sua presença no encontro havia sido acertada.

    Segundo disse à Folha um membro da comitiva do Equador, a Unasul só convidou "pessoas civilizadas", aparente referência a políticos favoráveis à disputa nas urnas, e não à renúncia imediata de Maduro exigida por setores radicais da oposição. Samper, porém, cobrou de Maduro que mantenha o pleito legislativo do segundo semestre.

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