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    Síria e Iraque tentam salvar tesouros de ataques do EI

    ANNE BARNARD
    DO "THE NEW YORK TIMES"

    10/03/2015 02h00

    Moradores das áreas do Iraque e da Síria controladas pelo EI (Estado Islâmico) vêm discretamente registrando com seus celulares a depredação de antiguidades cometida pela milícia radical. No norte da Síria, curadores de museus cobriram mosaicos preciosos com sacos de areia.

    Arqueólogos iraquianos ensinam aos interessados algumas técnicas simples a usar em áreas controladas pelo EI, como ligar a função GPS de seus telefones quando fotografam objetos, para ajudar a rastrear danos ou roubo, ou acrescentar sítios à lista dos locais que não devem ser alvejados por aviões de guerra.

    E, no recentemente reaberto Museu Nacional do Iraque, em Bagdá, novas grades de ferro protegem galerias de artefatos da antiguidade, para o caso de o pior cenário possível se concretizar.

    Esses são apenas alguns dos esforços para proteger os tesouros do Iraque e da Síria, dois países repletos de resquícios das civilizações mais antigas do mundo. Mas o tempo está se esgotando, à medida que militantes do EI levam adiante a pilhagem e destruição sistemática das obras.

    De acordo com autoridades, na semana passada o grupo destruiu parte de Nimrud e Hatra, dois dos sítios arqueológicos mais importantes do norte do Iraque.

    No domingo (8), moradores disseram que militantes destruíram partes de Dur Sharrukin, um sítio arqueológico assírio de 2.800 anos.

    O EI decretou que a arte da antiguidade é idolatria e deve ser destruída. Mas eles também saqueiam obras para vender, segundo autoridades e especialistas que rastreiam os roubos por meio de informantes locais.

    "O tratamento dado a tudo é baseado em seu valor", disse Amr al-Azm, ex-funcionário do setor de antiguidades da Síria que hoje trabalha com o consórcio internacional Projeto de Salvaguarda do Patrimônio Histórico da Síria e do Iraque.

    "Se algo tem valor como propaganda, eles o exploram para propaganda. Se podem vendê-lo, o fazem."

    PATRIMÔNIO MUNDIAL

    Acostumados a enfrentar adversários como as condições do tempo e a urbanização, arqueólogos lamentam o fato de que, nas áreas dominadas pelo EI, há pouco a fazer, exceto documentar a destruição.

    "Um criminoso imbecil pode chegar com um martelo e destruir todos os nossos esforços", disse Qais Hussein Rashid, vice-ministro do Turismo e das Antiguidades. "É uma dor enorme."
    Rashid e seu chefe, o ministro Adel Shirshab, pediram que aviões da coalizão liderada pelos EUA ataquem militantes que se aproximem de outros sítios históricos.

    As autoridades tomaram no domingo (8) sua medida mais recente, procurando fazer com que as ruínas da Babilônia sejam designadas patrimônio mundial pela Unesco, na esperança de que isso garanta algum grau de proteção por parte dos EUA.

    Mas a perspectiva não parece oferecer uma proteção forte, em vista da destruição proposital de outros sítios protegidos pela Unesco, como Hatra e a Cidade Velha de Aleppo, na Síria.

    Esta última foi alvo não do EI, mas de quatro anos de conflito entre forças do governo e militantes opositores.

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