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    Após sanções dos EUA, Maduro pede para voltar a governar por decreto

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    10/03/2015 08h56

    No dia em que os Estados Unidos declararam que a Venezuela é ameaça à segurança nacional, o presidente Nicolás Maduro pediu à Assembleia Nacional um novo período da chamada Lei Habilitante, que o permite governar por decreto.

    Em discurso na noite de segunda (9), o mandatário justificou a medida como uma forma de "defender a paz, a soberania, a tranquilidade e a integridade de nossa pátria" frente a uma ameaça estrangeira.

    Reuters
    Em discurso, Nicolás Maduro pede que Assembleia aprove um novo período da nova Lei Habilitante
    Em discurso, Nicolás Maduro pede que Assembleia aprove um novo período da nova Lei Habilitante

    "Uma lei anti-imperialista para nos preparar para todos os cenários, para ganhar e triunfar com a paz em todos eles", disse. "Recomendações para preservar a paz, a soberania, para denunciar política e diplomaticamente em todas as instâncias esta agressão dos EUA."

    Maduro, porém, não deu mais detalhes sobre o projeto, como a vigência da Lei Habilitante. A previsão é que a medida que lhe dá poder de governar sem decreto e interferência seja aprovada, devido à maioria chavista na Assembleia Nacional.

    No mesmo discurso, ele criticou o governo americano por pedir a libertação de opositores como Leopoldo López, considerado pelo governo como responsável pela violência nos protestos no ano passado, que deixaram 43 mortos entre fevereiro e maio.

    Para ele, o presidente americano, Barack Obama, agora se dedica pessoalmente a derrubá-lo. "Ele, representando a elite imperialista dos EUA, decidiu pessoalmente cumprir a tarefa de derrubar meu governo e intervir na Venezuela para controlá-la".

    Maduro ainda o comparou a Richard Nixon, que decidiu deixar a Guerra do Vietnã, e a George W. Bush, que deu início às ações americanas contra o terrorismo no Afeganistão e a ditadura de Saddam Hussein no Iraque.

    "Obama decidiu se meter em um beco sem saída, um beco do fracasso. O povo da Venezuela é um povo de paz e o senhor não tem direito a agredi-lo nem a declarar que o povo venezuelano é uma ameaça para os Estados Unidos".

    Ainda como reação à medida dos EUA, Maduro nomeou como ministro do Interior Gustavo González López, ex-diretor do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) e um dos alvos das sanções americanas.

    "Decidi nomear o major-general González López como ministro do Interior, Justiça e Paz para que vá, com sua condecoração do império americano, garantir a paz do país, a segurança cidadã e nacional. É uma honra estar na lista de sanções dos EUA"

    LEI HABILITANTE

    O presidente venezuelano já usou esse dispositivo entre novembro de 2013 e o mesmo mês de 2014. Para conseguir a aprovação, ele afirmou que tinha a intenção de realizar "uma ofensiva contra a corrupção e os especuladores financeiros".

    No período, aprovou medidas como a limitação do lucro de alguns setores a 30%, trocou sua equipe econômica, reformou as forças de segurança e criou uma comissão para avaliar casos de corrupção, controlada pelo governo.

    A Lei Habilitante, no entanto, não evitou que a situação econômica do país continuasse a se deteriorar, elevando a escassez de produtos e a inflação, e também não impediu os protestos da oposição.

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