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    Oposição não poderá mudar acordo EUA-Irã, diz Kerry

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    11/03/2015 16h59

    O que deveria ser uma audiência para discutir o pedido de autorização do presidente dos EUA, Barack Obama, para combater o Estado Islâmico acabou se tornando uma oportunidade para que senadores republicanos debatessem com autoridades do governo as negociações para um acordo sobre o programa nuclear do Irã.

    Em depoimento do Comitê de Relações Exteriores do Senado nesta quarta-feira (10), o secretário de Estado, John Kerry, afirmou que os congressistas não poderão fazer nenhuma modificação no pacto caso ele seja feito, apesar das ameaças da oposição.

    A afirmação foi uma resposta à carta assinada por 47 senadores republicanos, divulgada nesta semana, em que os legisladores afirmaram que um acordo com o governo de Teerã só duraria enquanto Obama permanecer no cargo –até o início de 2017.

    "Quando [a carta] diz que o Congresso poderia mudar os termos de um acordo a qualquer momento, isso está simplesmente errado. Vocês não têm o direito de modificar um pacto executivo selado entre líderes de países", disse Kerry.

    As negociações do acordo, cujo objetivo é evitar que o Irã desenvolva armas nucleares, são a principal polêmica da política externa de Barack Obama.

    Legisladores do Partido Republicano se opõem às conversas –que serão retomadas na próxima semana– e ameaçam aprovar novas sanções contra Teerã antes que elas cheguem ao fim. Obama já disse que vetará quaisquer iniciativas que possam atrapalhar as discussões.

    "Durante meus 29 anos no Senado, eu nunca ouvi falar de nada parecido. Essa carta ignora mais de dois séculos de precedentes na forma de conduzir a política externa americana", afirmou o secretário de Estado.

    EI

    Inicialmente, o objetivo da audiência era discutir o projeto de lei, enviado por Obama ao Congresso em fevereiro, que pede autorização para uma campanha militar contra a facção radical.

    Nesta quarta, os senadores democratas voltaram a dizer que têm preocupações em relação à proposta, considerada ampla demais.

    "Os democratas não estão dispostos a dar para esse ou qualquer outro presidente um cheque em branco", afirmou o senador Robert Menendez durante a sessão.

    Para o partido do presidente, preocupa o fato de não haver no texto limitações geográficas para as ações contra o Estado Islâmico, o que permitiria operações além dos territórios iraquiano e sírio.

    Além disso, o projeto de Obama deixa aberta a possibilidade de envio de tropas norte-americanas para lutar em solo, ainda que limitado a determinadas missões.

    Na opinião dos republicanos, os poderes dados pela autorização seriam limitados demais.

    O secretário de Defesa Ashton Carter, afirmou que o texto tem como objetivo claro "descartar o tipo de campanha militar realizada no Iraque e no Afeganistão, porque não prevemos que esse tipo de operação seja necessária."

    Para Kerry, a divisão no Congresso sobre a medida é um problema, e seria pior, segundo ele, ter a autorização apenas de um partido do que não ter nenhuma. O governo acredita que é preciso enviar uma mensagem de união dos partidos ao EI e aos aliados dos EUA.

    Em seu discurso do Estado da União, em janeiro, Obama pediu que o Congresso aprovasse a campanha militar para "mostrar ao mundo que estamos unidos nesta missão".

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