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    EUA reavaliam apoio a Israel na ONU após recuo sobre Estado palestino

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    19/03/2015 17h40 - Atualizado às 19h02

    A Casa Branca disse nesta quinta-feira (19) que está avaliando qual caminho seguir depois dos comentários do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, de que desconsiderava uma solução de dois Estados.

    "Ele se distanciou dos compromissos previamente feitos por Israel por uma solução de dois Estados", disse o porta-voz Josh Earnest. "Isso é motivo para os EUA avaliarem qual é o caminho a seguir."

    Segundo o porta-voz, Washington pode reconsiderar sua política de longa data de proteger Israel da pressão internacional na ONU.

    "Os passos dos EUA na ONU foram tomados sobre a ideia de que a solução de dois Estado é a melhor", disse. "Agora nosso aliado diz não estar mais comprometido com essa solução."

    Na segunda-feira (16), o premiê israelense afirmou que não haveria um Estado palestino caso fosse reeleito nas eleições de terça-feira (17).

    Nesta quinta-feira (19), Netanyahu negou, porém, que tenha mudado de atitude. "Não mudei minha política. Nunca retratei meu discurso na Universidade de Bar-Ilan, há seis anos, reivindicando um Estado palestino desmilitarizado que reconheça o Estado judeu", disse em uma entrevista à MSNBC, dois dias depois de vencer o pleito.

    "O que mudou foi a realidade", afirmou, citando a recusa da Autoridade Palestina de reconhecer Israel como terra do povo judeu e o contínuo controle da faixa de Gaza pelo grupo militante Hamas.

    "Não quero uma solução de um Estado. Quero uma solução sustentável e pacífica de dois Estados. Mas, para isso, as circunstâncias têm de mudar", disse.

    Mas a Casa Branca se manteve impassível.

    Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress

    Apesar de ter assegurado que os EUA manterão seu compromisso com a cooperação militar e de inteligência com Israel, Earnest alertou que haverá "consequências" para Israel enquanto o governo de Barack Obama reconsidera sua estratégia diplomática para o Oriente Médio e monitora a formação da nova coalizão de Netanyahu.

    A dura resposta dos EUA assinala que as relações entre EUA e Israel, já em seu pior ponto desde a chegada de Obama ao poder, poderiam se deteriorar ainda mais.

    Entre os riscos mais sérios para Israel estaria uma mudança da atitude de Washington na ONU. Os EUA por muito tempo se colocaram como obstáculo aos esforços palestinos de conseguir uma resolução na organização reconhecendo um Estado, incluindo ameaçando usar seu poder de veto, e protegeram Israel de tentativas de que o país fosse isolado internacionalmente.

    As autoridades americanas criticaram Netanyahu não apenas pelo recuo em relação à solução de dois Estados, mas pela acusação feita no dia da eleição de que a esquerda trabalhava para fazer a minoria árabe-israelense votar "em massa" para influenciar o pleito.

    "É uma tática completamente cínica e não há dúvidas de que causa divisões", disse Earnest.

    Netanyahu negou que tenha tentado suprimir o voto dos cidadãos árabes ou que seus comentários tenham sido racistas.

    Nesta quinta, Barack Obama telefonou ao premiê Netanyahu para parabenizá-lo pela vitória nas eleições de terça-feira.

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