Conhecido por negar o Holocausto, o bispo tradicionalista inglês Richard Williamson ordenou bispo o religioso francês Jean-Michel Faure nesta quinta (19) e ordenará o guatemalteca André Zelaya de León no dia 28, ambos sem autorização do Vaticano.

A atitude pode fazer a Igreja Católica excomungá-lo pela segunda vez. Expulso da igreja em 1988, foi readmitido em 2009. Os religiosos ordenados por ele também podem ser excomungados.

As ordenações acontecem no Mosteiro da Santa Cruz, em Nova Friburgo, município da região norte do Rio.

Segundo um monge que preferiu não se identificar, o mosteiro segue a linha ultraconservadora de Williamson, que rejeita as reformas instituídas pelo Concílio Vaticano 2º (1962-1965), cujo objetivo era modernizar a instituição.

Em 1988, Williamson foi ordenado bispo por Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal Pio 10, que recusa a doutrina do Concílio. Por considerar a ordenação ilícita, o Vaticano o excomungou, assim como a Lefebvre.

Williamson foi reabilitado pelo papa Bento 16 em 2009. Naquele mesmo ano, ele negara o Holocausto, massacre de judeus por nazistas na Segunda Guerra (1939-1945).

"Acredito que não existiram câmaras de gás e (...) entre 200 mil e 300 mil judeus sofreram nos campos de concentração", disse. Em outras ocasiões, afirmou que Deus não queria que mulheres estudassem e que o 11 de Setembro foi conspiração dos EUA.

O bispo diocesano de Nova Friburgo, Edney Gouvêa Mattoso, divulgou nota na qual repudia as ordenações e as chama de "desobediência ao papa em matéria gravíssima". Ele pediu também que os fiéis não as apoiem.

"A adesão formal ao cisma constitui grave ofensa a Deus e comporta excomunhão também prevista pelo Código de Direito Canônico", acrescentou o bispo. O arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, também divulgou nota em que apoia dom Edney.