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    Presidente egípcio anuncia criação de força regional militar conjunta

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    29/03/2015 08h51

    Os dirigentes da Liga Árabe concordaram com a criação de uma força militar conjunta, anunciou neste domingo (29) o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, durante uma cúpula da organização em Sharm-el-Sheikh (Egito).

    Com a notícia, a reunião, iniciada três dias depois de a Arábia Saudita, vizinha do Iêmen e aliada dos EUA, começar a bombardear as posições dos rebeldes na capital Sanaa e em outras regiões iemenitas, celebra o seu auge.

    Mohamed El-Shahed/AFP
    O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, conversa com Sameh Shoukry, seu ministro das Relações Exteriores, durante a Liga Árabe
    Abdel Fattah al-Sisi conversa com Sameh Shoukry, seu ministro das Relações Exteriores, em reunião

    O presidente do Iêmen, Abdo Rabbo Mansur Hadi, culpou, neste sábado (28), os iranianos pelo conflito em seu país, chamando a milícia xiita houthi —que o obrigou a fugir— de "fantoches do Irã" e exigindo que os ataques aéreos sauditas continuem até a rendição dos insurgentes.

    "Eu digo aos fantoches do Irã, aos seus brinquedos e àqueles que os apoiam: vocês destruíram o Iêmen com sua adolescência política, fabricando uma crise local e regional", discursou o presidente iemenita, que já retornou à Arábia Saudita, onde está abrigado, após participar da cúpula.

    O governo iraniano, que nega ajudar diretamente os insurgentes, não comentou a frase.

    Alguns líderes árabes presentes ao encontro acusaram o país persa de ingerência em outras nações do Oriente Médio, sem citá-lo pelo nome.

    Ainda no sábado, Abdel Fattah al-Sisi endossou resolução proposta por chanceleres na quinta-feira (26) para a criação de uma força militar conjunta e disse que o mundo árabe está sofrendo ameaças sem precedentes.

    "Essa nação [o Iêmen] nunca enfrentara um desafio à sua existência e uma ameaça à sua identidade como os que enfrenta agora", afirmou Sisi.

    Também presente à reunião, o rei Salman, da Arábia Saudita, declarou que os ataques aéreos aos milicianos houthis não cessarão até que a segurança e a estabilidade sejam restauradas no Iêmen.

    Um dos líderes houthis, Ali al-Emad, rebateu o presidente do Iêmen chamando-o de "fantoche dos sauditas". Segundo Emad, nada do que foi dito na cúpula surpreende.

    Hadi fugiu do seu país na semana passada, depois que os rebeldes e forças leais ao ex-ditador Ali Abdullah Saleh, deposto durante a Primavera Árabe, se aproximaram da cidade de Áden, para onde o governo fora transferido.

    Editoria de Arte/Folhapress

    REGIONALIZAÇÃO

    A ofensiva foi lançada pelos sauditas, que fizeram uma coalizão com monarquias do golfo Pérsico, como Qatar, Kuait, Bahrein e Emirados Árabes Unidos, e também por países como Jordânia, Marrocos e Egito.

    A ação militar recebeu o apoio da Turquia, dos Estados Unidos e do Reino Unido. Por outro lado, recebeu a condenação do Irã, principal aliado dos houthis, da Síria, da Rússia e da China. O alinhamento dos dois lados é igual ao da guerra civil na Síria.

    Nesta sexta (27), clérigos nas mesquitas em Riad fizeram sermões inflamados contra os houthis e o Irã, descrevendo a luta como um dever religioso. O principal conselho clerical saudita deu sua bênção à campanha militar.

    Na capital iraniana, Teerã, o aiatolá Kazem Sadeghi, que comanda orações na sexta-feira, descreveu os ataques como "uma agressão e ingerência nos assuntos internos do Iêmen".

    Segundo os especialistas, os ataques aéreos terão um efeito limitado sem uma intervenção terrestre. Esta intervenção, no entanto, é pouco provável devido aos riscos de escalada com o Irã e de ficar presos em um longo conflito.

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