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    Carta de Putin para cúpula árabe gera forte ataque da Arábia Saudita

    DA REUTERS
    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    29/03/2015 12h40

    A Arábia Saudita acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de hipocrisia, neste domingo (29), durante uma reunião de cúpula dos países árabes, que ele não deveria expressar seu apoio ao Oriente Médio ao mesmo tempo em que gera instabilidade ao apoiar o líder sírio, Bashar al-Assad.

    Em uma atitude surpreendente, o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, anunciou que uma carta de Putin seria lida durante a reunião no Egito, onde líderes árabes discutiam sobre uma série de crises regionais, incluindo os conflitos na Síria, Iêmen e Líbia.

    "Nós apoiamos as aspirações dos árabes para um futuro próspero e para a resolução de todos os problemas que o mundo árabe enfrenta, através de meios pacíficos, sem qualquer interferência externa", disse Putin, na carta.

    Seus comentários desencadearam um forte ataque do ministro das relações Exteriores saudita, o príncipe Saud al-Faisal.

    "Ele fala sobre os problemas no Oriente Médio como se a Rússia não estivesse influenciando esses problemas", disse ele à cúpula, logo depois que a carta foi lida.

    As relações entre Arábia Saudita e a Rússia têm estado frias, devido ao apoio de Moscou ao presidente Assad, a quem Riad se opõe. A guerra civil entre as forças de Assad e os rebeldes já custou mais de 200 mil vidas em quatro anos.

    "Eles falam sobre as tragédias na Síria enquanto eles são parte essencial das tragédias que atingem o povo sírio, ao armar o regime sírio muito acima e além do que ele precisa para lutar contra o seu próprio povo", disse o príncipe Saud.

    "Espero que o presidente russo corrija isso, para que as relações do mundo árabe com a Rússia possam ficar num melhor nível."

    A reprovação saudita pode ter deixado o Egito, anfitrião da reunião de cúpula, numa posição desconfortável, já que o país depende fortemente do apoio de bilhões de dólares da Arábia Saudita e de outros aliados árabes do Golfo, mas também melhorou sua ligação com Moscou.

    Em fevereiro, Putin foi muito bem recebido no Egito, sinalizando uma reaproximação.

    FORÇA MILITAR CONJUNTA

    Mais cedo, os dirigentes da Liga Árabe concordaram com a criação de uma força militar conjunta anunciada presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, durante a cúpula da organização em Sharm-el-Sheikh (Egito).

    Com a notícia, a reunião, iniciada três dias depois de a Arábia Saudita, vizinha do Iêmen e aliada dos EUA, começar a bombardear as posições dos rebeldes na capital Sanaa e em outras regiões iemenitas, celebra o seu auge.

    Os chefes de Estado-Maior dos países árabes que quiserem se unir à força militar conjunta se reunirão dentro de um mês para estudar os mecanismos de aplicação do projeto.

    O secretário-geral da Liga, Nabil Elaraby, anunciou que as conclusões da reunião deste sábado (28) e domingo sobre essa união serão encaminhadas a uma comissão trilateral árabe formada por Kuwait, Egito e Marrocos para aprofundar os estudos técnicos e políticos sobre o projeto da força militar.

    O papel desses países na comissão não significa sua participação na força militar, mas os três foram designados por sediarem a anterior, a atual e a próxima cúpula árabe, que será realizada no Marrocos conforme decidiram os chefes de Estado árabes neste domingo.

    Na fase final, o projeto será proposto perante o Conselho Árabe de Defesa Conjunta, formado pelos ministros das Relações Exteriores e de Defesa árabes, para aprová-lo.

    Em entrevista coletiva no fim da cúpula, Elaraby anunciou que a adesão a essa força é voluntária. O governo iraquiano foi o único que apresentou ressalvas de forma aberta sobre a iniciativa através de uma carta enviada à Liga Árabe, na qual disse que Bagdá "não quer aprovar a iniciativa antes que haja um diálogo sobre ela".

    A reação do Iraque foi explicada pelo secretário-geral do organismo como um pedido para que haja mais debates sobre essa iniciativa, e não como uma oposição.

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