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    Irã acusa EUA de ataque no Iraque enquanto negocia acordo nuclear

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    31/03/2015 02h00

    A Guarda Revolucionária do Irã divulgou nesta segunda-feira (30) que um ataque supostamente realizado por um drone americano matou dois de seus militares na cidade iraquiana de Tikrit.

    Os EUA lideram uma ofensiva na região contra a facção radical Estado Islâmico. Já o Irã ataca o EI com milícias xiitas que têm supervisão da Guarda Revolucionária. Os dois mortos pertenciam a este corpo militar de elite iraniano.

    De acordo com as informações, as mortes teriam ocorrido entre 22 e 24 de março. O Comando Central americano, no entanto, nega que tenha realizado ataques aéreos na região durante o período.

    A acusação ocorre em momento delicado na relação entre os dois países. Os EUA, ao lado de outras cinco nações, tentam chegar a um rascunho do acordo sobre o programa nuclear do Irã –cujo objetivo principal é evitar que o governo de Teerã desenvolva armas nucleares.

    O prazo para que os países cheguem a um acordo preliminar –que deve ser finalizado em junho– termina nesta terça (31).

    Nesta segunda, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que ainda há questões difíceis a serem resolvidas para que o consenso seja atingido.

    Kerry está reunido com diplomatas de China, França, Alemanha, Rússia, Reino Unido e Irã em Lausanne, na Suíça, para debater o assunto desde a semana passada.

    "Estamos trabalhando bastante duro para resolvê-las. Vamos trabalhar durante a noite e obviamente até amanhã [terça]", disse o secretário americano. "Há um pouco mais de luz hoje [nas discussões] hoje, mas ainda há questões complicadas."

    MAL-ESTAR

    No domingo, notícias de que o governo de Teerã teria recuado de um dos pontos chaves da negociação, o envio de combustível nuclear para fora do país, provocaram um mal-estar entre os diplomatas.

    O vice-chanceler do Irã, Abbas Araqchi, declarou a repórteres de seu país que a exportação de estoques de urânio enriquecido "não está no programa".

    "Não temos a intenção de mandá-lo para fora do país", afirmou Araqchi. Nesta segunda, funcionários do Departamento de Estado afirmaram que o assunto ainda está em negociação.

    Ainda é preciso chegar a um consenso sobre o prazo de duração do acordo.

    O tempo para a retirada das sanções da ONU contra o governo de Teerã e se elas voltarão a ser implementadas imediatamente caso haja violação do acordo também estão em discussão.

    Além das dificuldades internas, os países negociadores também enfrentam resistência externa.

    O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que o acordo que está sendo desenhado "corresponde a nossos piores medos."

    Editoria de arte/Folhapress

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