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    Negociadores se aproximam de acordo sobre programa nuclear do Irã

    MICHAEL R. GORDON
    DAVID E. SANGER
    DO "NEW YORK TIMES", EM LAUSANNE (SUÍÇA)

    31/03/2015 13h10

    Faltando apenas horas para o final do prazo para a conclusão das negociações, os negociadores dos Estados Unidos, Irã e cinco outros países pareciam na terça-feira (31) estar se aproximando de um acordo político preliminar para limitar o programa nuclear de Teerã. Mas havia sinais de que várias das questões mais difíceis seriam deixadas para ser incluídas em um acordo final, dentro de três meses.

    Em Moscou, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que há grandes chances de um pacto ser assinado e que ele ia embarcar de volta à Suíça na terça-feira, depois de partir no dia anterior, para retornar às negociações.

    "As chances são grandes", disse Lavrov. "Provavelmente não são de 100%, mas nunca é possível ter 100% de certeza da nada. As chances são muito concretas, isto é se nenhuma das partes apresentar uma exigência nova no último minuto."

    Mas qualquer acordo que seja alcançado será intencionalmente um instrumento interino -mais um esboço de áreas de concordância, um texto ao qual vão faltar alguns detalhes específicos que preocupam o Congresso norte-americano, Israel, os Estados árabes e os militares e a linha dura iranianos.

    O prazo final de 31 de março foi definido três meses atrás como mecanismo para determinar se existia vontade política suficiente para alcançar um pacto final até o final de junho, quando terminará a validade de um acordo interino que limita temporariamente as atividades do Irã.

    Dias atrás, o Irã parecia estar intransigente em relação a vários pontos importantes. Teerã queria que as sanções da ONU fossem levantadas quase imediatamente, enquanto os EUA e seus parceiros de negociação queriam que qualquer suspensão fosse gradativa -para assegurar que o Irã tome medidas que dificultem muito a produção em menos de um ano de material em estado próprio para a produção de uma bomba, além de responder às perguntas dos inspetores internacionais, algo que o país vem evitando fazer há muito tempo.

    Na segunda-feira (30) o Departamento de Estado reconheceu que uma questão central, o destino a ser dado ao grande estoque iraniano de combustível nuclear, ainda é tema de discussão.

    "A verdade é que não alcançamos uma posição comum com os iranianos em relação à questão do estoque", disse a jornalistas uma porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf. Autoridades ocidentais em Lausanne sugeriram que a questão poderia ser classificada como questão técnica e deixada para ser incluída no acordo final de junho.

    "Uma pessoa está faltando aqui: o aiatolá Khamenei", comentou na noite de segunda um diplomata europeu sênior, exigindo anonimato para falar. Ele aludia ao líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei. "Não sabemos o que ele vai pensar das estipulações".

    Outra ausência é do Congresso americano, que prometeu impor sanções adicionais se não for alcançado um acordo preliminar –ameaça que pode levar a administração Obama a consolidar o que pode conseguir agora e tentar conseguir mais nos próximos três meses.

    Os países envolvidos nas negociações com o Irã são Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e Estados Unidos. Lavrov foi o único diplomata chefe desses países que não estava presente em Lausanne na manhã de terça-feira. Acreditava-se que ele retornaria se houvesse a probabilidade de um acordo ser anunciado.

    Frank-Walter Steinmeier, o ministro do Exterior da Alemanha, reforçou a impressão de avanços quando, na sexta-feira (27), disse que as negociações tinham passado por uma espécie de crise, mas que os negociadores pareciam ter acordado "uma abordagem um pouco diferente".

    Mas, se um acordo for anunciado hoje, como parece cada vez mais provável, pode ser digno de nota tanto pelo que deixa de fora quanto pelo que inclui.

    O objetivo do acordo político é definir os elementos principais de um pacto mais abrangente e detalhado previsto para ficar pronto até o final de junho.

    As questões que os negociadores vêm se esforçando a resolver incluem o ritmo em que serão levantadas as sanções da ONU, as restrições às pesquisas e desenvolvimento relacionadas a novos tipos de centrífugas, e o tempo de validade do acordo.

    Mais uma questão foi destacada no domingo (29), quando o vice-chanceler iraniano, Abbas Araqchi, disse que o Irã não pretende dar cabo de seu estoque de combustível nuclear enviando-o para fora do país, algo que os EUA buscam há muito tempo conseguir.

    Tradução de CLARA ALLAIN

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