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    Brasileiros são barrados por Israel na fronteira da Cisjordânia

    ISABEL FLECK
    DE SÃO PAULO

    01/04/2015 21h24

    Dois integrantes de um grupo de 15 brasileiros foram barrados por autoridades israelenses ao tentar entrar na Cisjordânia na última terça-feira (31). Segundo a brasileira Soraya Misleh, que foi impedida de entrar no território palestino, a restrição foi feita aos dois únicos integrantes de origem árabe da missão.

    A justificativa israelense foi a de que a dupla representava "um risco à segurança de Israel", de acordo com a brasileira.

    "Eu fico me perguntando que risco nós representamos. Não estávamos armados", diz Soraya, que é filha de palestino e membro da diretoria do Instituto de Cultura Árabe, de São Paulo. O outro brasileiro barrado foi Mohammad Kadri, membro da Associação Islâmica de São Paulo.

    "Por que escolheram justamente os de origem árabe? Foi uma situação clara de discriminação."

    Soraya fez contato, por telefone, ainda na fronteira, com o representante do Brasil junto ao Estado da Palestina, Paulo Roberto França, que teria prometido enviar ao governo israelense uma reclamação formal.

    "Ele me disse que estava desalentado, que nunca viu isso acontecer. Ele prometeu que o governo brasileiro vai fazer um protesto formal via embaixada do Brasil em Tel Aviv", afirmou.

    Consultado pela reportagem, o Itamaraty não confirmou se haverá uma manifestação do governo brasileiro junto a Israel.

    FÓRUM SOCIAL

    O grupo de brasileiros havia participado do Fórum Social Mundial na Tunísia, realizado na última semana em Túnis, e, segundo Soraya, formavam uma missão humanitária aprovada no encontro para levar ajuda, como mantimentos, a Gaza.

    Os planos foram alterados depois que o governo israelense informou que não haveria tempo hábil para aprovar a entrada do grupo em Gaza.

    A missão -formada por membros de ONGs, centrais sindicais como a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e jornalistas-, então, se concentrou numa agenda que inclui encontros com o representante do Brasil junto ao Estado da Palestina, em Ramallah, e com representantes da OLP (Organização pela Libertação da Palestina).

    Os que conseguiram entrar na Cisjordânia também deverão se reunir com o secretário-geral da Iniciativa Nacional Palestina, Mustafa Barghouti.

    De acordo com Soraya, a agenda do grupo na Cisjordânia foi organizada com a ajuda da representação brasileira em Ramallah.

    "Estava tudo certo, negociado com as autoridades israelenses, passamos todos os documentos que eles pediram, inclusive os nomes dos pais, avós. Eles [israelenses] sabiam a data e o horário que iríamos chegar à fronteira, por onde viríamos. Em nenhum momento eles fizeram oposição a qualquer nome", afirma.

    O grupo teria ficado retido na fronteira por cerca de cinco horas. Todos, à exceção dos dois brasileiros barrados, foram interrogados no posto de controle. Soraya e Kadri voltaram para Amã, na Jordânia, e não poderão entrar por cinco anos em Israel.

    A Folha tentou contato com o consulado de Israel em São Paulo, mas não havia obtido resposta até as 21h de quarta (1º).

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