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    Para linha dura do Irã, acordo nuclear saiu barato para potências

    DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    03/04/2015 09h31

    Enquanto milhares de iranianos comemoravam o plano de ação para acordo sobre o programa nuclear, alguns dos principais representantes da oposição conservadora do país consideraram o pacto um excelente negócio para as potências.

    Dentre os pontos do plano de ação divulgado nesta quinta (2) e que deverá entrar em vigor em julho, o Irã se compromete a fechar três das cinco usinas de enriquecimento de urânio, que será limitado em 3,67%, suficiente para geração de energia.

    Para a chamada linha dura da República Islâmica, o país cedeu demais aos países do grupo P5+1, formado por Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China e Alemanha.

    Em entrevista à agência de notícias Fars, Hossein Shariatmadari, editor do jornal "Kayhan" e um dos principais assessores do aiatolá Ali Khamenei, considerou que Teerã "trocou seu cavalo pronto para a corrida por uma rédea quebrada".

    Outro analista conservador, Mahdi Mohammad, referiu-se ao fechamento da usina de Fordow, que deixará de enriquecer urânio para se dedicar apenas à pesquisa de isótopos médicos, como um desastre.

    A crítica e as tentativas de minar o acordo sobre o programa nuclear iraniano formam uma aliança incomum entre a linha dura iraniana, o Partido Republicano americano e o governo de Israel.

    Na quinta (2), horas antes do anúncio, o deputado conservador iraniano Ahmad Tavakkoli escreveu uma carta ao presidente Hasan Rowhani dizendo que o pacto precisa de aprovação do Congresso, que é dominado pela linha dura.

    A medida é similar à carta divulgada no início de março em que parlamentares republicanos ameaçaram derrubar o acordo no Congresso americano e não aprovar o fim das sanções caso o presidente Barack Obama o aprovasse.

    No caso iraniano, porém, a decisão final é tomada pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khamenei. Embora ele ainda não tenha se manifestado publicamente, é improvável que a negociação não tenha sido conduzida com seu aval.

    FESTA

    Apesar das críticas dos setores mais conservadores, o clima era de festa em Teerã. Desde a madrugada, milhares de pessoas foram às ruas comemorar o acordo, com bandeiras nas janelas dos carros, buzinaço e som alto.

    Na manhã desta sexta, o chanceler Mohammad Javad Zarif, que assinou o acordo, foi recebido como um herói. Dentre os gritos de apoio, os manifestantes ainda ofereceram condolências ao jornal "Kayhan", que sempre se opôs ao acordo.

    Em entrevista na saída do aeroporto, Zarif afirmou que a intenção era garantir que o país continuasse seu programa nuclear, mas que a negociação era necessária. "Não se espera que um lado leve tudo e o outro se renda", disse.

    "Vejo um futuro muito brilhante e reluzente pela frente", disse Ali Akbar Salehi, o negociador-chefe do governo iraniano.

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